quarta-feira, 25 de abril de 2007

Prioridades

O Presidente Lula alcançou em 2006 (ano eleitoral), a marca de um bilhão quinze milhões setecentos e setenta e três mil oitocentos e trinta e oito reais com gastos de publicidade. É o mesmo valor destinado para o saneamento básico no orçamento de 2007.

terça-feira, 24 de abril de 2007

O X da Questão



Os vídeos feitos para internet alastram-se de maneira atordoante. Tudo pode ser garimpado, pesquisado, reencontrado e reutilizado. Em meio ao turbilhão de "novas novidades" que a indústria cultural insere nesse contexto de imagem a ser veiculada incessantemente, e assim moldar comportamentos, o consumo de massa entre os jovens é o ápice deste sistema. Os vídeos, que agora já não são mais monopólio da MTV (e que agora curva-se à internet), mostram uma imagem moldada e pasteurizada, gerando formas que podem tornar-se repetitivas quando não encontram outros caminhos mais difíceis.

Atualmente a imagem de juventude e sucesso nos vídeos feitos por essa cultura de massa, jovem e disposta a consumir é algo que reflete nas ruas a postura, roupas, música e desejos de ambos os sexos. São tantos artistas utilizando-se da imagem e ao mesmo tempo sem dizer nada com muito sentido; às vezes sem dizer absolutamente nada relevante. Diante de tantos artistas gritando palavras de ordem alusivas ao próprio corpo, ao sexo e ao consumo, um vídeo em especial foi lançado na web sem alarde e contra tudo que essa indústria prega: a versão de MY HUMPS, feita por Alanis Morrissette.
No Youtube é um fenômeno: em menos de 03 semanas ultrapassou a marca de 6 milhões de acessos. Á primeira vista pode parecer mais uma paródia, no caso, do vídeo original de MY HUMPS, originalmente gravado pela banda Black Eyed Peas, tendo a vocalista Fergie como principal atrativo do mesmo. Existe um subtexto bastante interessante no trabalho de Alanis nesta versão - crítica social, sátira e uma afirmação de sua própria imagem dentro da indústria.

Na versão original, o vídeo é bastante sugestivo e não se utiliza de meias palavras. Mostrando a vocalista em poses sensuais e provocando o desejo masculino, Fergie aparece abaixando-se em poses sexuais ao lado de dançarinas que vão no mesmo embalo. O timbre vocal remete a uma voz infantilizada, denotando uma aparente inocência disfarçada de permissividade. Fergie usa jóias, vira as nádegas para a câmera e símbolos de status como diamantes, ternos, motos e carros de luxo desfilam no vídeo. My Humps significa "minha bunda" e este é o mote da letra em que narra a valorização de suas nádegas como combustível para se adquirir roupas de grife, sexo com o "homem certo", jóias, fama e fortuna. A letra é direta:

"Eu levo esses babacas à loucura
Eu mando ver diariamente
Eles me tratam muito bem
Eles me compram muitos diamantes
Dolce e Gabbana,
Fendi e depois Donna
Karen, eles dividem
Todo o dinheiro deles me veste
Meu amor, Meu amor, Meu amor, Meu amor,
Você ama minhas belas curvas,
Meu balanço, meu balanço, meu bumbum,
Meu bumbum encantou você
Ela me faz gastar
Eu vou te fazer gritar, te fazer gritar!
Por causa da meu bumbum, meu bumbum, meu bumbum, meu bumbum
Minhas amáveis curvas femininas (olha só)"


Enfim, nada muito diferente do que se vê em Beyoncé, Aguilera, Britney, Lopez, Janet, TLC, Shakira... e a lista é imensa. O vídeo do Black Eyed Peas obteve um enorme sucesso e catapultou as vendas do disco.

Na versão de Alanis Morissette, ela aparece vestida no mesmo estilo de Fergie no vídeo original; rodeada também de homens que oferecem os símbolos de status ostentados pelo Black Eyed Peas. Mas ao contrário da batida funkeada e da levada hip-hop da primeira versão, Alanis está acompanhado ao piano, numa versão desacelerada que contrasta com os movimentos dela e dos outros dançarinos - em outro ritmo, mais rápido que o instrumental. Com a ausência da batida possante, a letra fica evidenciada, transformando o vídeo numa triste constatação do que significa seus versos e fazendo uma auto-paródia de si mesma no meio disso tudo. Alanis tem uma idade aproximada de Fergie (mais de 30) e com uma certa dose de angústia e sarcasmo remexe o corpo desajeitadamente sob shorts colados, faz as caras e bocas de praxe (mas com um ar irõnico) e insinua-se para os homens que a cortejam. A atitude de contestação perpassa o vídeo e mistura-se a uma forte dose de tristeza, entusiasmo e euforia, sim, porque apesar de ser uma paródia, há um lado triste que fica evidenciado nas entrelinhas do clipe.

É importante notar a forte dose de auto ironia feita por Alanis em sua versão de My Humps e a maneira como a própria se situa no contexto deste vídeo. Quando a cantora surgiu, em meados de 1995, praticamente todas as cantoras que estão no topo da indústria musical de hoje não haviam alcançado reconhecimento. Alanis Morissette vai na contramão do que se faz no mainstream pop feminino atual - e ela faz parte deste cenário, ainda que sua música não contém a mistura de rithym and blues e nem abusa da imagética "mulherão ambiciosa" e mulher-objeto que permeia os vídeos feitos por suas colegas de estrelato. Exatamente por isso, ela não está, hoje, entre as artistas mais populares tocadas em rádios (principalmente nos EUA), nem na pauta dos principais programas de tv para o público jovem consumidor entre os 15 a 20 e pucos anos.
A visibilidade que o vídeo alcançou no YOUTUBE permitiu que esta massa consumidora jovem, que tem o black Eyed Peas como um dos principais produtos desta indústria tivesse acesso livre e espontâneo a Alanis Morissette, uma forma inteligente e sem precisar se dobrar aos ditames do mercado

O vídeo foi feito em sua casa, com uma câmera digital e custou 2.000 dólares, dinheiro que não paga nem uma peça de figurino utilizado nas grandes produções, feitas de forma rotineira. Um crítico americano chegou a dizer que este vídeo fez por sua carreira o que Pulp Fiction rendeu à John Travolta. Exageros á parte, Alanis Morissete não capitalizou as atenções dispensadas com sua veiculação. Ela não está lançando um disco novo, não fez um filme, não há um projeto especial, turnê, nada. Não deu uma única entrevista sobre o assunto e nem lançou single, apenas produziu e soltou na web, com dinheiro do próprio bolso (o que, convenhamos, pra ela não é nada).
Não houve debates e ela declinou de qualquer aparição promocional na mídia para divulgação - o que dá uma credibilidade às suas convicções e por tabela a valoriza como artista. Num tempo em que todo mundo fala sobre tudo, artistas anunciam seus gostos e compras, falam sobre namorados, divagam sobre si mesmos e aproveitam todos os tentáculos desta indústria, Alanis optou pelo silêncio - ponto pra ela.
A critica social, que aparece bastante clara, levantou debates sobre a "objetização" da mulher e fomentou discussões pela internet. O vídeo vem sendo utilizado como embasamento para diferentes discussões em blogs, revistas virtuais, organizações feministas, fórums, contra a sexualização e todo tipo de assunto; afinal, na web permite-se falar sobre tudo. Num mundo onde tudo é analisado, exposto consumido e descartado, algo que não venha com o "kit de instrução" pode ser muito bem aproveitado. Menos é mais.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

American Way of Life

Os Estados Unidos lançam-se agora numa obsessão em tentar desvendar o que se passou na Virgínia Tech e também entender o que havia dentro da cabeça de Cho Seung-hui, o estudante que matou 32 pessoas dentro de uma universidade nos EUA.
Momentaneamente os americanos esqueceram dos dois temas mais abordados pela mídia americana: Oriente médio - em especial o Iraque, e a ex-coelhinha e celebridade trash que morreu de overdose deixando um bebê e milhões de dólares em jogo.

Mas qual a novidade no que aconteceu no campus da Universidade da Virgínia? Por que os americanos estão tão assombrados com mais essa tragédia tão típica deles?
Os Estados Unidos são, sem sombra alguma de dúvida, a nação que comporta o maior números de loucos de todo gênero deste planeta. Não, de nada adianta dizer que o estudante era sul-coreano; na Coréia do Sul, não é tão comum pessoas saírem às ruas atirando a esmo em quem passar pela frente. Cho Seung-hui era um estrangeiro absolutamente incorporado ao status quo da América, tão aculturado (chegou lá aos 08 anos) que transformou-se em mais um louco típico deste país. Essa matança que ocorreu lá no campus, e que deixou os americanos tão perplexos, levando o presidente a dizer que isto foi algo "inexplicável".
Não foi, caro presidente. O que ocorreu aí em seu país diz muito sobre a América. Esta fixação que vocês tem por armas, por resolver tudo na base do conflito.

Conflito. Americanos adoram um. Desde uma simples dicussão entre vizinhos, uma briga no trânsito, uma frase "mal-colocada" na tv, uma atitude "ousada" de alguém, uma resposta "atravessada" de outro, até a questão de ser o país com o maior número de advogados do mundo. O conflito aí, sai da esfera pessoal mais ínfima, passa na esfera jurídica e descamba pelas ruas, onde a tensão entre raças está impregnada nas esquinas. Americanos adoram odiar americanos, faz parte da cultura: ou você está comigo, ou você está contra mim.
Um país que divide seus cidadãos em vencedores e perdedores, não há meio termo. Ganhar na América significa personificar todos os valores que este país impõe em cada um dos seus, desde a mais tenra idade. Americanos querem ser populares, imaginam-se diferentes do mundo pelo simples fato de serem...americanos. São especiais, e acham que por isso são invejados; algo patológico. Neste país é oito ou oitenta e quando chega-se ao limite máximo, mostram o que podem ter de piores.

Num país onde a pornografia e os desvios sexuais e de conduta são parte do folclore; jovens espancam colegas de escola com bastões de beisebol; encurralam homossexuais dentro do colégio em surras coletivas; sequestram crianças e as trancam dentro de porões durante anos; batem, batem muito uns contra os outros, criam grupos de toda forma de comportamento e se levam às últimas consequências; a televisão mostra aos jovens programas onde esmurrar os testículos do amigo é coisa divertida, e por aí vai.
Produzem bens culturais onde a violência é o carro-chefe e que permite a qualquer maior de 18 anos sem antecedentes criminais comprar quantas armas quiser e puder.
Isso talvez seja parte da explicação que temos para assassinos em série, assassinatos em massa, loucos, pervertidos, e o que há de pior no ser humano. Cho Seung-hui não era tão diferente de milhões de cidadãos americanos que a qualquer momento podem "explodir". O que deixa todos perplexos é que não há como deter algo que é inerente ao modo de viver e se relacionar que eles têm. Diferentemente de Bins-Laden e outros de fora, como deter seus próprios cidadãos? Ainda que sejam presos depois de uma carnificina, o rastro de sangue já terá escorrido pelo chão. Não há como detê-los; isto, sem dúvida, é muito mais assustador do que o estudante ter conseguido matar 32 pessoas. Quantos iguais a ele estão neste momento maturando idéias como as dele?

Claro que em qualquer lugar do mundo existem loucos. Mas da forma e intensidade como ocorre na América, isto sim, é algo que o país deveria pensar. Agora que o estudante matou 32 e a si próprio, a televisão deles põe-se a dissecar tudo que conseguir deste episódio. Virão programas , simulações, investigarão sua vida pregressa, falarão com seus ex-colegas de quarto, seus pais, parentes, sua roupas, suas frases, seus óculos, tudo, absolutamente tudo.
Virão documentários, haverá um filme no próximo verão e os americanos consomem, consomem e consomem. Cho Seung-hui era tão americano, que sabia da necessidade mórbida em consumir seu derradeiro feito, enviando seu legado póstumo para uma emissora de televisão, sua imagem já percorre toda a mídia, sua voz, sua loucura: gravou vídeos, escreveu textos, gritou palavras de ordem e mostrou suas armas. Tudo, absolutamente tudo, que um típico cidadão americano louco faria e que atrai toda uma nação em torno deste jovem; não se fala em outra coisa na América. A questão agora é esperar pelo próximo; pois ele, com certeza, virá.

O Grande Lobo


Lobão, finalmente, rendeu-se ao sistema e gravou um dos melhores acústicos MTV já feitos. Ótimo pra quem já conhecia e melhor ainda pra quem vai conhecer. O repertório está impecável:

Músicas:
El Desdichado
Essa Noite Não
Decadance Avec Elegance
Bambino
Revanche
Vou Te Levar
Quente
Por Tudo que For
Chorando no Campo
Que Língua Falo Eu
Noite e Dia
Me Chama
Você É a Noite Escura
A Queda
A Vida É Doce
Pra Onde Você Vai
O Mistério
Canos Silenciosos
Rádio Blá
Corações Psicodélicos
A Gente Vai Se Amar

quarta-feira, 18 de abril de 2007

PANdemônio

Quer saber detalhes e fatos "curiosos" sobre este escândalo chamado PAN 2007? Então acesse este site:

www.averdadedopan2007.blogspot.com

Quando eu imagino que a quantidade de dinheiro sendo usado pra organizar estes jogos num país miserável como o nosso, que necessita de políticas e ações públicas de incentivo as atividades desportivas de base, à contrução de quadras e programas sócio-esportivos em favelas, e toda sorte de projetos que ajudariam a mudar a realidade de muita gente, dá vontade de chorar. Quando o PAN acabar, tudo continuará como está. Apenas uma pequena parcela de espertos e algumas empresas estarão com os bolsos cheios de dinheiro.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Eu acredito no aquecimento global


Não sei se é o primeiro candidato a "mal do século", mas a questão do aquecimento global, longe de ser um exagero midiático, é uma realidade a ser encarada. Penso que a grande maoria das pessoas encara o fato como algo longe de sua realidade, que não afetaria diretamente sua vida cotidiana.
Não sei o quanto isso já está se abatendo sobre nossas cabeças, mas sinto com absoluta certeza que algo está em curso e não há nada muito animador, a não ser a questão do debate na esfera executiva. O calor está maior, o frio está mais severo, o clima muda repentinamente e as projeções futuras são assustadoras.
O grande problema disso tudo, e isto afeta diretamente à mim, a você e todo o resto da humanidade é de que será preciso haver uma mudança em todo um modo de vida. Vivemos sob a égide capitalista e tudo neste planeta se move em cima de produção e consumo, como mudar uma filosofia incorporada em todos os níveis? Muito mais do que achar que a poluição é apenas o vilão disso tudo, nós, somos o principal problema.

Leis poderão ser criadas e alterações estruturais podem até ajudar na diminuição dos índices mas se não houver uma mudança na questão cotidiana que somada em cada indivíduo carrega todo esse sistema que aí está, não haverá solução certa e estaremos todos a morrermos afogados nas cidades, ou de sede, ou tostados sobre o chão seco. Parece exagero? Se olharmos pela janela agora talvez seja, mas se olharmos alguns anos á frente a vida pode ficar muito mais difícil. Como encarar que as jazidas de petróleo atuais devem se esgotar em 50, 60 anos? Como encarar que todo o sistema econômico de geração de energia é dependente dessa fonte finita? Alguém aí imagina a vida, por exemplo, sem petróleo? Pois se você acha que ele serve apenas pra fazer seu carro andar, é melhor ficar bastante preocupado.
Quando vemos que os americanos, maior nação consumidora e poluidora do mundo depende de petróleo essencialmente pra fazer aquela máquina industrial andar, só pra citar um exemplo, dá um arrepio em pensar que mudar substancialmente uma nação e seu modo de vida será tarefa quase impossível. E jogar a culpa exclusivamente na América (apesar de ser a maior responsável) é papo furado. Os chineses e indianos estão aí, crescendo – consumindo, cada vez mais, loucos pra usufuírem de uma vida capitalista plena. A indústria continua a todo vapor e queremos mais e mais.
Chegamos até aqui absolutamente incorporados no modo de vida que levamos hoje, em todo o mundo, mudar isso assim é coisa pra muitas e muitas décadas, isso, é claro, se acharem outros meios que substituam as fontes geradoras da economia hoje. Se conseguirmos usar água da maneira responsável, se os governos cuidarem como deveriam cuidar de suas florestas e reservas naturais, se nós fizéssemos um esforço em tentar mudar algo da vida diária...parece utopia hein?
Nasce-se muito mais e morre-se muito menos no mundo, a população do planetinha azul não tem outro endereço e se não começarmos a pensar em mudar isso, em todos os níveis, aí sim, a coisa vai ficar preta. E já está ficando, ou você acha que gelo não derrete?

A capa - ÍNDIA


Em 1973 Gal Costa desafiava a ditadura e mostrou-se de tanga na capa do disco índia, de 1973. Por ordem da Censura Federal, o vinil chegava às lojas envolto num plástico preto cobrindo-lhe as partes, todas. Na contracapa, os seios de fora, como uma nativa brasileira.
Apenas um adendo ao post anterior (De Dentro pra Fora), esta matéria mostra como a questão do transexualismo deveria ser tratada com mais naturalidade.
Segue abaixo um trecho de matéria publicada na Folha de S. Paulo de hoje:

Sueco de 73 anos fará operação para mudar de sexo

"As crianças, eu perdôo. Mas os adultos, nunca. Não se deve ridicularizar, nem humilhar uma pessoa. Não se deve ferir sentimentos. Porque nunca se sabe o que está por trás, o que leva uma pessoa a ser ou agir de uma determinada forma", disse Loise.

Ela conta que tinha três anos de idade quando percebeu que se sentia, na verdade, uma mulher. "Eu queria me livrar dos meus órgãos masculinos, mas minha mãe me impediu", disse.
Durante toda a infância, preferiu as roupas das irmãs. Chegava a ir à escola vestida como uma menina e jogou as calças compridas em um lago perto de casa.
Na idade adulta, Loise tentou viver uma vida "normal" como homem. Chegou até a se casar --mas o casamento durou pouco.

"Não consegui, não dava certo. Não era eu".

Durante todos esses anos, Loise sempre se vestiu e se maquiou como uma mulher. Seu armário é repleto de roupas femininas e de caixas de jóias e bijuterias.
Loise atualmente toca órgão e piano durante os cultos religiosos de uma igreja protestante no sul de Gotemburgo, onde vive. Vestida de mulher. O sueco passou dois anos em observação por médicos e psicólogos para poder obter autorização na cirurgia.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Mika - Grace Kelly



Mika lançou o primeiro trabalho recentemente: Life In Cartoon Motion. O cara chegou com um ótimo disco e tá começando a despontar no cenário pop. Com uma ótima presença de palco e uma voz que vai do grave ao falsete (lembra o Freddie Mercury), ele compõe as músicas e tá segurando o tranco da mídia querendo saber da sexualidade do rapaz. Sobre o assunto, ele apenas responde: "Não há necessidade de falar sobre isso".
Exatamente pelo estilo "nem aí pra o que pensam", chegou a receber ameaças anônimas de gente exigindo que ele diga o que de fato é. Dá pra acreditar? Fiquem com o vídeo, que é muito legal, e a música, que já diz muito...

De dentro pra fora


Recentemente, o dono de uma mercearia no Paraná se suicidou com um tiro de revólver, aos 65 anos. A notícia chamou a atenção não pelo suicídio, mas pela revelação, após a autópsia, de que ele trazia marcas de uma cirurgia para retirada dos seios e um pênis de borracha acoplado aos genitais. Ele era mulher. Ou, para ser exato, um homem transexual.
Mulheres transexuais são bem conhecidas. Celebridades como Roberta Close ou as anônimas que brincam o Carnaval são bastante expostas na mídia. Mas homens transexuais não são muito notados.

Como o suicida do Paraná, que passou a vida como um homem qualquer, sem que ninguém desconfiasse, muitos homens transgêneros preferem esconder sua origem biológica feminina. Os que assumem sua transexualidade enfrentam preconceito e hostilidade. Muitos travestis que vemos na rua na verdade são mulheres transexuais. Na falta de oportunidade dentro da sociedade estas pessoas acabam caindo na prostituição e são execradas do convívio social. Travestis, sejam transexuais ou não, não gozam de nenhum respeito por parte dos cidadãos, carregam um estigma de párias sociais e são privados de empregos formais e da simples convivência pacífica (e tolerada) entre as pessoas. É uma percepção errada que todo travesti necessariamente está ali, na rua, vestido de mulher, simplesmente porque gosta daquela situação. Existe um grande número de pessoas que realizam-se encarnando o sexo oposto, seja por uma vontade advinda de vaidade, desejo sexual, ou pela busca interna de identificação com algo que não corresponde ao que se vê por fora; assim são os transgêneros.
Trangêneros são as pessoas que ultrapassam o gênero. Isto mesmo, as pessoas que estão "além"-gênero. São indivíduos, homens ou mulheres, que invertem a sua trajetória biologicamente "natural" , em busca de alguma(s) característica(s) secundárias do sexo oposto , que estão contidas em seu eu interior.
Certamente muita gente não concebe a idéia de que existe algo mais além do que categorizar pessoas apenas em homem ou mulher. As identidades de gênero não se limitam ao sexo masculino e feminino - como aprendemos nos livros de escola, presos às características físicas em perfeita conformidade com o interior. As variações vão mais além do que estas tradicionais.

Nos Estados Unidos, homens trans começam a expor seus corpos, sem vergonha de assumir sua dupla natureza. Loren Cameron, fotógrafo, faz exposições e publica livros retratando transexuais e seus processos de transição (inclusive o próprio). Loren começou fazendo terapias, fez mastectomia e tomou bastante hormônio masculino, seu corpo hoje à primeira vista é de um homem, másculo, sem dúvida, mas basta olhar os genitais e lá está a vagina, original de fábrica. Buck Angel é produtor de filmes pornográficos onde atua como protagonista, exibindo seu corpo másculo e seus genitais femininos. Ambos ao nascer foram registrados como do sexo feminino e assim também foram criados. Da mesma forma que Roberta Close - Loren, Buck e o comerciante do Paraná cresceram sentido-se desconfortáveis com seus corpos físicos. No caso destes 03 últimos, ser mulher externamente não era compatível com a real identidade que traziam dentro de si.
Buk e Loren reapresentam ao mundo o corpo transexual há muito tempo esquecido em nossa cultura. Afinal, não custa lembrar, nossos antepassados adoravam deuses hermafroditas.

obs.:
a foto acima não é montagem, trata-se de um auto-retrato de Loren Cameron. E lá no início do texto, a capa do livro lançado por ele.

Cartão Postal

Programas oficiais oferecidos na Cidade Maravilhosa : custa R$ 50 um passeio pela Rocinha. É mais caro do que subir o Corcovado (R$ 40) ou ir a uma escola de samba (R$ 40). Estetização da pobreza?

domingo, 8 de abril de 2007

Marca registrada


Fico a pensar sobre determinados "mitos" que são disseminados pela mídia ao longo dos anos. A televisão, em especial, tem o poder de embalar, etiquetar e disponibilizar pessoas para consumo. Como que colocados numa prateleira, alguns artistas carregam um confortável estigma que muitas vezes engessam qualquer interpretação fora do que é apresentado.
É curioso que Daniela Mercury, por exemplo, tomou para si a função de ser uma espécie de porta-bandeira do Brasil. Um ufanismo que lhe é colado e que a deixa com cara de "personagem oficial de aberturas nacionais". Ok, o nome é ridículo e inventado por mim, mas Daniela está lá, cantando o hino na abertura do GP de fórmula 1 do Brasil, cantando no dia da independência, puxando pra si a marca de uma espécie de embaixatriz institucional do Brasil. Na abertura do PAN será ela a cantora que abrirá o show, no ano do Brasil na França foi chamada de "rainha do Brasil", e em muitas outras ocasiões festivas que tinham algo de "sentimento nacional", lá estava Daniela levando adiante a Pátria amada. Com frases de feito que enaltecem esta nação, gritadas como que uma ordem para que todos entoem em uníssono a nação brasileira. Isso me soa tão genuíno quanto os desenhos da Disney da década de 50 com Carmem Miranda contracenando com o Zé carioca. Até gosto de Daniela como cantora, ela é esforçada, mas a fantasia que vestiu de ser uma legítima representante das culturas nacionais me parece algo fake, para presente.

***

Não gosto do Pelé. Não vejo mérito no Pelé. Acho Pelé um chato de galocha há muito tempo, e considero-o um fraco de caráter. Vejo muito mais a importância de Pelé como uma imposição midiática do que qualquer outra coisa. O título de Atleta do Século é egoísta, porque o atleta tem que ser apenas ele? Ainda que tenha popularizado o futebol em lugares longínquos e tenha aberto a discussão sobre as crianças brasileiras, Pelé tem um ego colossal, tão grande que me dá um mal-estar. É digno de nota que ele mesmo refere-se a si na terceira pessoa: existe o Pelé e existe o Edson, aliás, essa separação de identidades é de uma idiotice sem tamanho. Edson Arantes do Nascimento e Pelé, são a mesma pessoa. Fora do casamento teve duas filhas, uma, filha de classe média e formada em Medicina, bonita e articulada. A outra, filha de empregada doméstica e pobre. Esta última nunca teve reconhecido o amor do pai, que não teve pudores de dizer em rede nacional que não a reconhecia e que não a queria em seu mundo. Precisou ser obrigado a ir na justiça fazer o exame de DNA e assim também, à força, colocou-a como herdeira. Sandra Arantes do Nascimento morreu de câncer sem sequer ter ganho um beijo de despedida, um arrependimento final por parte do pai. Pelé não foi ao velório, não enterrou a filha ,mãe de duas crianças, e teve a capacidade de dizer que não se sente bem em enterros. Desconheço quem se sinta.
Pelé é um fraco, um arrogante, um ausente. Deveriam tomar-lhe o título que ele colou em sua testa. De 04 em 04 anos aparece nos jornais dando pitacos na Seleção Brasileira; tenho a impressão que ninguém fora do seu círculo familiar e com exceção do Galvão Bueno, o leva a sério. E por falar em círculo familiar, o filho mais velho está preso, traficante. Certamente em algum momento da vida Pelé esqueceu-se dele pra não ter que descer do pedestal. É casado com evangélica praticante e nos dois filhos que teve com ela, batizou-os com nomes bíblicos. Talvez assim se sinta mais perto de Deus, ou seja, dele próprio.

***

Luana Piovani é uma farsa que deu certo. Como talento dramático, passa longe do que se espera de uma boa atriz. Criou um personagem e dele se alimenta. Costuma destratar repórteres e com soberba, indica livros e filmes com uma petulância que me faz rir. Diz que é íntima de Caetano e fala de Chico Buarque como se fosse habitué de sua casa. Anuncia aos quatro ventos que conhece Gilberto Gil e adora a Flora, mas nenhum destes fala de Luana, apenas Caetano, quando desmentiu que tivesse feito uma música pra ela. Nomeia grandes escritores sem se aprofundar muito, dando a impressão que só conhece os nomes das obras. Tem um blog onde transforma em magia qualquer coisa que a motive discorrer sobre qualquer assunto. Anuncia que esnobou a Globo, posa de mulher bem resolvida, independente e que Rodrigo Santoro não lhe faz falta. Fala quando quer e com quem quer, mesmo que ninguém esteja interessado nela. Os jornais lhe dão espaço nos cadernos culturais e aparentemente ela entende de cinema, música,literatura e teatro. O que me deixa encimesmado é que Luana só faz novela na maioria das vezes. Nunca fez algo de relevante em teatro adulto, não se vê Luana Piovani sendo sondada por grandes montagens teatrais. No cinema, quando muito aparece, é num papel que reflete sua própria caricatura, e só me recordo de um filme em que fez o papel principal. Até agora aguardo vê-la realmente "fazendo cinema". Em comédia ela não é engraçada, no drama não faz nenhuma diferença e de resto sustenta-se em sua própria sombra. Estranha-me Selton Mello não ter descoberto seu talento tão festejado. As crianças que lotam suas apresentações não fazem questão de Luana Piovani no teatro, querem o espetáculo em si, e tecnicamente são de encher os olhos. Anunciou seu especial de fim de ano mas ninguém viu ou os que viram não gostaram, ficou por ali mesmo.
Mas Luana segue adiante, ganha muito dinheiro com publicidade e seu cachê não é barato, adora frases de efeito e sinto uma necessidade dela parecer inteligente e descolada. Luana Piovani será lembrada apenas por ser...Luana Piovani.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Avante Brasil

Parece mentira, mas não é. Se alguém ainda não havia se escandalizado com a troca de interesses explícita entre o Governo Lula com os partidos aliados, fato que nos presenteou com indicações políticas e ampla oferta de favores e cinismo, vem aqui mais uma chance: O Presidente entregou o relatório da LDO para 2008 (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para o PP - Partido Progressista. Pra quem não sabe, a LDO estabelece as regras para a elaboração do orçamento do exercício seguinte, ou seja, pra onde vai o dinheiro e de que forma será aplicado. Difícil acreditar que com esse poder nas mãos não se utilizem barganhas políticas e desvios nos recursos. No país onde as fraudes públicas e os desvios de dinheiro são atividade comum dos nossos agentes políticos, ter a LDO em mãos é literalmente entregar o ouro ao bandido. E agora vem a parte mais estarrecedora: sabe quem compõe a Executiva Nacional do PP?? Vamos lá:

José Janene - Denunciado pelo escândalo do mensalão. Foi um dos pivôs da crise. Tem 04 processos de sonegação fiscal correndo na justiça, no valor de 15 milhões de reias. Só de carros importados, tem 7 milhões guardados na garagem. É dono de uma dezena de fazendas e mais de 07 empresas privadas - detalhe: declarou na receita federal que NENHUMA delas teve rendimento. É alvo de processo por improbidade administrativa. calcula-se que tenha recebido mais de 15 milhões em desvios. Como se já não bastasse, o PP reconduziu-o ao cargo de TESOUREIRO DO PARTIDO.

Pedro Correia - Foi cassado na época do mensalão. Anos atrás esteve envolvido na máfia dos combustíveis, acusado de fraude, formação de cartel e falsidade ideológica.

Severino Cavalcanti - esse aí dispensa comentários né?

Paulo Maluf - um verdadeiro dinossauro da corrupção. Lavagem de dinheiro, corrupção generalizada e tudo que for de ruim está atrelado ao Maluf. Já foi preso, é proibido de pisar nos EUA, superfaturou várias obras públicas em São Paulo, etc,etc,etc. A lista é grande.

Como visto acima, o Lula depois vai reclamar que não tem como saber tudo que se passa ao redor dele. Com um time desses nós estamos em boas mãos, muito boas....

Sônia cai na rede



Sônia...falando para o mundo.

domingo, 1 de abril de 2007

Pastel de feira

Pelo amor de Deus Romário, faz logo esse milésimo gol e me deixe em paz.

***

O Papa só chega no Brasil em Maio, mas é impressionante como a imprensa se desdobra diariamente em todo tipo de notícia sobre a estadia dele por aqui. A celeuma criada em cima da vinda do pontífice é algo impressionante, ainda que sejamos a maior nação católica do mundo. Dos sapatos Prada às vestes papais, objetos folheados a ouro que serão utilizados na missa, o quarto "simplesinho", a comida, o cd comemorativo,
etc,etc. Todos os dias se tem alguma notícia da chegada aos trópicos de Bento XVI, e o show só está começando.

***

Se já não bastasse o gol do Romário e do Papa pregando suas aberrações, temos a cobertura da Globo para o PAN. Alguém já entrou no clima? Pois pra emissora estamos em plena festa esportiva. Assistir as notícias que se espalham por toda a programação parece-me algo forçado, que foge completamente à realidade. Teremos novos heróis em Junho, a Globo está sedenta deles. Está sendo difícil, mas certamente vai piorar.

Princesa por um dia


E o frisson da semana foi a tal foto da apalpada real.





O Príncipe William aproveitava o dia de folga do exército e foi a uma boate em Bournemouth, cidade litorânea ao sul de Londres. Penso que como qualquer pessoa de sua idade na véspera de uma folga, o neto da Rainha Elizabeth II queria se divertir. É claro que as pessoas iriam reconhecê-lo, tirariam zilhões de fotos de seus celulares, autógrafos, risinhos, excitação geral e... porque não posar para fotos? Provavelmente naquela noite o jovem príncipe queria muito tomar uma cervejinha gelada, jogar conversa fora, falar com a rapaziada...enfim, uma noite comum para um cidadão incomum.

Lá se foi o príncipe. Com toda boa vontade que esperam que ele tenha o jovem mancebo atendeu (imagino eu) um monte de pedidos de fotos - pessoas esperando avidamente pelo momento de estar ao lado de um genuíno representante da família real. Quer momento mais insólito? Já pensou a oportunidade rara, no meio de uma boate, de topar com o Príncipe William e ainda por cima com direito a foto?
Foi o que fez a estudante pernambucana Ana Laíse Ferreira, 20 e poucos anos, estudante de inglês num dos inúmeros cursos que existem por lá em Bournemouth, deve ter esperado ansiosamente pelo flash ao lado de sua alteza real. Olha o passarinho...pronto! momento registrado e uma boa história pra contar aos amigos. Quem diria hein Ana? Que sorte a sua!
Chegou em casa, hora de baixar a foto no computador e...surpresa! Na hora da gentileza o príncipe abraçou a estudante e pimba! Ana Laíse enxergou uma oportunidade única.

A história inicial, confirmada pela própria estudante através de mensagens em seu perfil do Orkut, antes de sofrer uma saraivada de críticas de todo lado era de que sim, o príncipe danadinho colocou a mão em seu seio, e pensando na grana que poderia faturar, não pensou duas vezes: ligou para o tablóide de fofocas mais vendido da Inglaterra e ofereceu a tal foto, suficiente para ser o escândalo da semana, primeira página e claro, Euros e holofotes para Ana Laíse.
Voltando um pouco ao momento do click, imagina-se que as pessoas iam se alternando ao lado do príncipe para conseguir sua foto e na hora em que Ana Laíse encostou ao seu lado, não me parece que a intenção do pobre-coitado era de dar uma pegada no busto da brasileira. Ela, bem mais baixa do que ele (como se vê na foto), também não pareceu estar desconfortável ali e a comparação da altura de ambos mostra que a mão-boba pode ter sido um simples descuido, já que nitidamente ele é muito maior que ela. Mas não interessava, a manchete daria o que falar (e venderia bastante, claro).

Interpretações à parte, na terça-feira o The Sun estampou na primeira página o grande momento de Ana Laíse. Não se sabe ao certo quanto a moçoila ganhou - especula-se entre 2000 e 10 mil euros ( o que daria no máximo 40 mil reais). Como era de se esperar a foto insólita rodou o planeta globalizado e uma chuva de insultos, pedidos de entrevista, especulações e muita polêmica.
Se de início Ana Laíse gabava-se de tamanho feito, como bem se viu nos scraps trocados entre suas amigas do Orkut e a grana serviria para "comprar um monte de roupas legais", dias depois a jovem já contava outra história: dizia que não entendia tamanha repercussão, de que não esperava ser ofendida por causa da mão-boba, que não fez pelo dinheiro (minha família tem ótimas condições - disse ela), que talvez tudo não passase de uma mal-etendido, visto que o príncipe era muito alto em relação à ela e até a mãe deu entrevista pro Jornal da Globo dizendo que foi resultado do "corre-corre" pra se tirar a tal foto. Ana Laíse deu até uma entrevista para o Fantástico frisando que dinheiro não foi determinante para comercializar a foto.
Bom, a pergunta que não quer calar é: se a questão não foi dinheiro e ter seus 15 minutos de fama, porque raios a ingênua estudante vendeu a porra da foto?
O próprio jornal ironizou a atitude da pernambucana; o editor do The Sun afirmou categoricamente que sim, ela colocou preço na foto. Comunidades do Orkut foram criadas sobre o caso e lá se vêem uma saraivada de insultos à brasileira. A jovem até apagou seu perfil depois de tamanho ataque virtual. Voltaram à tona discussões manjadas sobre os estereótipos associados à mulher brasileira, e toda questão moral relativo aos brasileiros. Isso sem falar nas incontáveis ofensas raciais visto que a estudante é negra (ou morena, ou mulata - vai de cada um mesmo). A mídia expremeu o assunto por inteiro e o que seria uma situação curiosa transformou-se num dos destaques da semana na mídia. Se realmente a euforia inicial transformou-se em arrependimento (como ela diz agora) e a família da moça diz que irá processar o tablóide britânico, o estrago já foi feito.
Agora agüenta, Ana Laíse.

obs.: A Família Real nem se deu o trabalho de falar sobre o assunto. Será que o Príncipe teve ressaca? Vovó deve ter dado aquela bronca...