domingo, 8 de abril de 2007

Marca registrada


Fico a pensar sobre determinados "mitos" que são disseminados pela mídia ao longo dos anos. A televisão, em especial, tem o poder de embalar, etiquetar e disponibilizar pessoas para consumo. Como que colocados numa prateleira, alguns artistas carregam um confortável estigma que muitas vezes engessam qualquer interpretação fora do que é apresentado.
É curioso que Daniela Mercury, por exemplo, tomou para si a função de ser uma espécie de porta-bandeira do Brasil. Um ufanismo que lhe é colado e que a deixa com cara de "personagem oficial de aberturas nacionais". Ok, o nome é ridículo e inventado por mim, mas Daniela está lá, cantando o hino na abertura do GP de fórmula 1 do Brasil, cantando no dia da independência, puxando pra si a marca de uma espécie de embaixatriz institucional do Brasil. Na abertura do PAN será ela a cantora que abrirá o show, no ano do Brasil na França foi chamada de "rainha do Brasil", e em muitas outras ocasiões festivas que tinham algo de "sentimento nacional", lá estava Daniela levando adiante a Pátria amada. Com frases de feito que enaltecem esta nação, gritadas como que uma ordem para que todos entoem em uníssono a nação brasileira. Isso me soa tão genuíno quanto os desenhos da Disney da década de 50 com Carmem Miranda contracenando com o Zé carioca. Até gosto de Daniela como cantora, ela é esforçada, mas a fantasia que vestiu de ser uma legítima representante das culturas nacionais me parece algo fake, para presente.

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Não gosto do Pelé. Não vejo mérito no Pelé. Acho Pelé um chato de galocha há muito tempo, e considero-o um fraco de caráter. Vejo muito mais a importância de Pelé como uma imposição midiática do que qualquer outra coisa. O título de Atleta do Século é egoísta, porque o atleta tem que ser apenas ele? Ainda que tenha popularizado o futebol em lugares longínquos e tenha aberto a discussão sobre as crianças brasileiras, Pelé tem um ego colossal, tão grande que me dá um mal-estar. É digno de nota que ele mesmo refere-se a si na terceira pessoa: existe o Pelé e existe o Edson, aliás, essa separação de identidades é de uma idiotice sem tamanho. Edson Arantes do Nascimento e Pelé, são a mesma pessoa. Fora do casamento teve duas filhas, uma, filha de classe média e formada em Medicina, bonita e articulada. A outra, filha de empregada doméstica e pobre. Esta última nunca teve reconhecido o amor do pai, que não teve pudores de dizer em rede nacional que não a reconhecia e que não a queria em seu mundo. Precisou ser obrigado a ir na justiça fazer o exame de DNA e assim também, à força, colocou-a como herdeira. Sandra Arantes do Nascimento morreu de câncer sem sequer ter ganho um beijo de despedida, um arrependimento final por parte do pai. Pelé não foi ao velório, não enterrou a filha ,mãe de duas crianças, e teve a capacidade de dizer que não se sente bem em enterros. Desconheço quem se sinta.
Pelé é um fraco, um arrogante, um ausente. Deveriam tomar-lhe o título que ele colou em sua testa. De 04 em 04 anos aparece nos jornais dando pitacos na Seleção Brasileira; tenho a impressão que ninguém fora do seu círculo familiar e com exceção do Galvão Bueno, o leva a sério. E por falar em círculo familiar, o filho mais velho está preso, traficante. Certamente em algum momento da vida Pelé esqueceu-se dele pra não ter que descer do pedestal. É casado com evangélica praticante e nos dois filhos que teve com ela, batizou-os com nomes bíblicos. Talvez assim se sinta mais perto de Deus, ou seja, dele próprio.

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Luana Piovani é uma farsa que deu certo. Como talento dramático, passa longe do que se espera de uma boa atriz. Criou um personagem e dele se alimenta. Costuma destratar repórteres e com soberba, indica livros e filmes com uma petulância que me faz rir. Diz que é íntima de Caetano e fala de Chico Buarque como se fosse habitué de sua casa. Anuncia aos quatro ventos que conhece Gilberto Gil e adora a Flora, mas nenhum destes fala de Luana, apenas Caetano, quando desmentiu que tivesse feito uma música pra ela. Nomeia grandes escritores sem se aprofundar muito, dando a impressão que só conhece os nomes das obras. Tem um blog onde transforma em magia qualquer coisa que a motive discorrer sobre qualquer assunto. Anuncia que esnobou a Globo, posa de mulher bem resolvida, independente e que Rodrigo Santoro não lhe faz falta. Fala quando quer e com quem quer, mesmo que ninguém esteja interessado nela. Os jornais lhe dão espaço nos cadernos culturais e aparentemente ela entende de cinema, música,literatura e teatro. O que me deixa encimesmado é que Luana só faz novela na maioria das vezes. Nunca fez algo de relevante em teatro adulto, não se vê Luana Piovani sendo sondada por grandes montagens teatrais. No cinema, quando muito aparece, é num papel que reflete sua própria caricatura, e só me recordo de um filme em que fez o papel principal. Até agora aguardo vê-la realmente "fazendo cinema". Em comédia ela não é engraçada, no drama não faz nenhuma diferença e de resto sustenta-se em sua própria sombra. Estranha-me Selton Mello não ter descoberto seu talento tão festejado. As crianças que lotam suas apresentações não fazem questão de Luana Piovani no teatro, querem o espetáculo em si, e tecnicamente são de encher os olhos. Anunciou seu especial de fim de ano mas ninguém viu ou os que viram não gostaram, ficou por ali mesmo.
Mas Luana segue adiante, ganha muito dinheiro com publicidade e seu cachê não é barato, adora frases de efeito e sinto uma necessidade dela parecer inteligente e descolada. Luana Piovani será lembrada apenas por ser...Luana Piovani.

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo.