terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

POSITIVE

Simples e direto: a canção se chama From a Shell, e é interpretada por Lisa Germano. O vídeo foi feito por estudantes.

o Brasil e suas peculiaridades

E o Pan está vindo aí. Além de sermos anfitriões deste, queremos também as Olimpíadas e a Copa do Mundo.
Neste país onde se arrastam crianças no asfaltos, balas perdidas são fato corriqueiro, sinais de trânsito são lugares perigosos, autoridades são omissas com seus deveres e obrigações públicas, onde as leis são flagrantemente não aplicadas. País este que permite crianças utilizando entorpecentes nas ruas, incorpora à normalidade cidadãos serem achacados por "guardadores de carros", agentes políticos roubarem e nada sofrerem, falsos sequestros serem feitos via celular e, pasmem, dentro das próprias prisões. No Brasil onde o sertão continua o mesmo, a educação continua falida, as favelas continuam apodrecendo, a polícia continua sucateada e torturando seus cidadãos; morre-se mais gente aqui que em guerras pelo mundo, matam-se às dezenas nas cidades, todos os dias, pessoas morrem em corredores de hospitais, médicos são funcionários fantasma, UTIS que são verdadeiros caos. O Brasil das não-reformas, da omissão social, da péssima distribuição de renda, da vantagem pessoal em detrimento do interesse coletivo, da ética, do não-compromisso. Dos escândalos, da eterna esperança, do jeitinho.
Mas O PAN tá chegando. Vai ser aquela festa, todo mundo feliz pelo Brasil.
Charles de Gaulle deve estar se revirando no túmulo.

em tempo: Atualmente só existe 01 aparelho de ultrasonografia funcionando pra atender TODAS as mulheres que utilizam a rede pública pra fazerem exames do pré-natal em Rio Branco (AC).

A FOTO


Paula Toller aos 17.

Você faz o show!



Fiquei até com vergonha, mas chorei horrores com a saída de Íris do Big Brother Brasil 7. Como é que pode um programa que tem tudo pra ser criticado nos prender tanto na frente da tv? Apesar disso a fórmula cansou. Não me refiro ao programa, pois este ainda vai render muito na televisão, afinal estamos na era da exposição. Todo mundo quer ser visto e ver os outros, câmeras fotográficas por toda parte, qualquer um pode irremediavelmente virar uma celebridade instantânea se tiver um pouco de sorte estando no lugar e na hora certos. Celulares viraram olhos e ouvidos do povo, a qualquer momento uma "celebridade" pode ser clicada num momento ingrato, estrelas do show-business são encurraladas em todo lugar pelos implacáveis celulares.
Orkut escancara a vida das pessoas pra quem qiser ver, estamos todos lá, nos fazendo interessantes e vasculhando perfis alheios; comunidades virtuais que vão de adoradores de montanha-russa até viciados em açaí (sem falar de outras mais...exóticas), vivemos num mundo de voyeurs. Youtube virou (mais um) fenômeno: aquela sua performance solitária dançando pela sala de casa agora é show, para o mundo; Produzem-se filmes aos milhares diariamente, partos, confissões, flagrantes, nonsense, dor, solidão, idéias geniais e bobagens mil. Nunca a expressão "globalização" foi tão apropriada. Os reality-shows são apenas parte dessa engrenagem, parece que além da curiosidade de vermos e, quem sabe, vivermos o outro existe uma irrefreável vontade de sermos vistos. Como que a imagem eternizada na web fosse uma marca de nossa passagem aqui. Numa sociedade de culto ao individualismo, queremos coletivizar nós mesmos, únicos, diferentes, humanos. E a internet é a expressão máxima disso, essa vitrine moderna.
Por isso que acho uma contradição quem tanto critica reality shows, pois estes que criticam têm orkut, não resistem a dar uma olhadinha naquele vídeo bizarro do Youtube e por aí vai.
Mas voltando à questão do formato do programa, como disse lá em cima a fórmula vai muito mais adiante, o que cansa é o padrão que a Globo impõe. Já são 07 edições onde (com pouquíssimas exceções) os personagens são os mesmos: gente sarada e jovem, esportistas, um negro ou negra pra dar o toque politicamente correto e só. Claro que televisão é comércio, entretenimento, mas com tanta gente interessante Brasil afora fica sempre com aquela cara de plástico. Tomara que na próxima edição eles sejam mais ousados na variação de tipos. Adoraria ver gente gorda, feia, esnobe, preconceituosa, sadomasoquista, perturbados, sonhadores, poetas, loucos, etc...o mundo é mesmo uma vitrine de tipos, estamos todos agora devidamente "catalogados" , seja na tv ou mesmo nos Orkuts da vida.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

O Príncipe

"Humorista é condenado por piada na Venezuela de Chávez"fonte: www.uol.com.br

Engraçado que tem muita gente que acha o Chavez o novo mártir da América. Como se todo aquele que surgisse contra o inimigo norte-americano fosse, necessariamente, o baluarte, o salvador, o grande líder. Pobres venezuelanos.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Scissor Sisters - She's My Man

Kuroko é um tipo de teatro de fantoches que usa atores vestidos de negro para manipular personagens, objetos de cena e ajudar nas trocas de roupas para criar a ilusão de que os ângulos e as perspectivas estão mudando.
O clipe mais recente da banda Scissor Sisters utiliza esta técnica. Foi todo filmado num único take, sem edição, sem movimento de câmera ou efeitos de slow motion. O que você vê na tela é realizado mecanicamente naquele instante, sem pós produção de efeitos especiais.
Nunca, em toda história do Brasil um presidente demorou tanto tempo pra definir e anunciar um ministério como Lula. Quase 04 meses depois a câmara, o senado e todo esse maldito sistema político está parado aguardando o desenrolar dessa novela. A troca de interesses e a subordinação aos partidos que apenas querem poder é uma vergonha em se tratando de tudo aquilo que o próprio Lula sempre combateu. Triste.

LIKE A PRAYER - 1989



Tenho alguns discos que são muito importantes pra mim. Não apenas pela música em si mas por ter me acompanhado em determinado momento da vida e ter sido decisivo em um ou vários aspectos do que eu era e gostaria de ser.
De todos os discos de Madonna este foi para mim emblemático. Gosto de muitos outros dela, uns mais outros menos, mas este tem um significado pra mim que até hoje quando escuto fico imerso no som, na voz dela, nos arranjos, na mensagem.
O ano era 1989, eu com meus 16 anos dentro do turbilhão que foi minha adolescência solitária e enfrentando os conflitos típicos de um garoto na minha condição. Colocar Like a Prayer no toca-discos do meu quarto foi uma experiência inesquecível. Lembro que minha avó deu-me o disco de presente, num passeio ao shopping. Quando chegamos em casa era noite e por ela estar hospedada lá no meu quarto tive que dormir sem ouvir o tão desejado disco. No dia seguinte ainda fui à escola pela manhã também sem toca-lo, somente na volta, tranquei-me no quarto e pus a agulha sobre a primeira faixa do lado A (este ritual era mágico) ansioso pra ouvir o que sairia dali.
Lembro-me como se fosse hoje, eu deitado na cama com a capa nas mãos. O disco tinha uma mistura em sua cola com aroma de patchouli, para que o "cheiro de incenso" ficasse no ar, e ficava mesmo. Meses depois de tê-lo adquirido ainda exalava o aroma profano.
O disco abre com Like a Prayer, música que sem dúvida é uma das maiores canções pop já feitas, considero-a a "Billie Jean" de Madonna e dificilmente alguém fica indiferente a ela. Você pode não gostar de Madonna, mas essa canção levanta até defunto, com o perdão do trocadilho. A introdução da música com as guitarras distorcidas, seguidas de um rompante sonoro dá lugar ao som litúrgico de uma igreja, abrindo caminho pra voz de Madonna, doce e emocionada: "Life is a Mistery...".
A letra de Like a Prayer é dela. Há uma dubiedade que não é esclarecida (o que a torna ainda mais legal) se a letra fala da relação direta dela com Deus ou se refere a uma relação homem x mulher. A música vai num crescendo, como que buscando uma catarse, levando todos pra uma redenção divina...mas que também poderia ser sexual. O vídeoclip da canção é um capítulo à parte, mas basta dizer que há uma unanimidade de que é um dos mais importantes vídeos da música pop.
O nível de maturidade artística que Madonna alcançou com Like a Prayer é ainda mais emblemático por se tratar de seu quarto disco. Enquanto outros artistas levam muito mais tempo ou se repetem numa mesma fórmula durante anos à fio, até caírem no esquecimento. De qualquer forma há uma analogia na letra que remete ao erótico e também à relação de submissão e adoração católica. A Igreja, é claro, esperneou.
O arranjo é de Patrick Leonard, perfeito. Os versos são quase que declamados por Madonna, e quando se chega ao refrão entra uma batida funkeada, puxada pra soul music; incendeia qualquer festa.
Com este disco Madonna embarcava na sua própria intimidade. Falava da mãe (Promise To Try), da relação conflituosa com o pai (Oh Father) e que tanto espelhava minha realidade dentro de casa. Em Keep It Together ela falava da família, Till Death Do uS Part escancarava o casamento fracassado com Sean Penn. Além das confissões, todas elas embaladas numa produção primorosa dividida entre Patrick Leonard e Stephen Bray, que criaram juntamente com MADONNA clássicos pop como Cherish, Spanish Eyes e Express Yourself; sem falar no dueto apimentado dela com Prince. Que mais dizer de um disco como esse?
Like a Prayer foi um divisor de águas na música pop e na própria carreira de Madonna. Se por uma lado o disco pavimentou a sonoridade pop do fim da década de 80 e início dos anos 90, também deu a ela o respeito que ainda faltava por parte dos críticos que afirmava ser ela um mero produto fabricado. Tanto que já se vão mais de 20 anos de carreira envergando o status de ícone pop. Like a Prayer é um disco essencial pra qualquer um ligado no universo da cultura pop e que influenciou muita gente que veio depois dele. Está devidamente guardado na minha prateleira de cds e se você ainda tem reservas com Madonna, sugiro começar por este.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Carnalismo


Carnaval acabou. Pela primeira vez eu sinto que curti de verdade, ainda que não seja folião estreante. Digo isso porque apesar de não ter ido a Olinda, nem ao Galo da Madrugada ou mesmo aos bailes oficiais (só fui no Baile dos Artistas), este ano eu realmente me diverti como manda a cartilha: andei bastante pelas ruas do Recife Antigo vendo a folia, vi os blocos , mergulhei no frevo e assisti aos shows. Deixei de lado a necessidade (?) de ter que ir pra Olinda com o único intuito de cair na putaria e vi a festa com outros olhos.
Aliás, já não vou a Olinda há uns 04 anos. Sinceramente, ter que subir e descer ladeira debaixo do sol não dá mais pra mim. Nem acredito muito nessa "magia" que colam na Cidade Alta, claro que há sim o tal carnaval, mas acho que Olinda se parece cada vez mais com Ouro Preto, se é que dá pra comparar. E velho que estou ficando, não consigo interpretar a festa da Marim dos Caetés (gosto desse nome) como nada mais que um monte de jovens na faixa dos 17 aos 27 anos que querem o maior número de orgasmos possíveis, o frevo seria apenas um detalhe. Ok, talvez eu esteja sendo cruel mas se pararmos pra pensar no sentido do carnaval não estou sendo tão ruim assim, e olha que nem entrei na questão da violência.
O Galo da Madrugada me parece ser umas das mais temerárias situações que alguém, por livre e espontânea vontade, se submete passar. Claro que se você estiver dentro de um camarote a alguns metros do chão a coisa muda, embora no trajeto de ida e volta não há camarote certo. Recife tem um dos piores índices sociais do país, somos o estado campeão em crimes sexuais de todos os tipos, além de sermos ums dos primeiros em homicídios; com essas informações na mão e mais de um milhão de pessoas na rua é de se imaginar o potencial dessa mistura.
Fui ao Galo 03 vezes. Na última delas me vi imprensado no meio da multidão sem conseguir dar um passo sequer. Havia gente desesperada querendo se livrar da massa humana e um cidadão, bem na minha frente, puxa um revólver e dá um tiro pra cima, fazendo com que em menos de 02 segundos todo mundo saísse em pânico correndo por cima de todos. Fui jogado no chão com o tumulto da correria ainda sentindo o cheiro da pólvora queimada; levantei-me e fui atrás do primeiro táxi que encontrei.
O Baile dos Artistas é divertido. Uma verdadeira experiência dos sentidos: tato, visão, paladar,olfato e audição, se é que vocês me entendem. O baile gay "oficial" da cidade é garantia de diversão e uma aula de antropologia brasileira. Travestis, transformistas, enrustidos, assumidos, bichas de todos os tipos, cafuçús, héteros curiosos e falsos moralistas. Estão todos lá, celebrando a obsessão que o brasileiro tem pelo ânus (leia João Silvério Trevisan), o fascínio que os travestis exercem nos homens e a celebração dessa tão famosa liberdade e libertinagem que o carnaval brasileiro oferece.
O Enquanto Isso Na Sala de Justiça tornou-se um grande negócio. O que não tira o mérito da festa pra quem quer se fantasiar e cair na farra. Mas a impressão que tenho é que estou no Chevrolet Hall em pleno show do Chiclete com Banana seguido do Aviões do Forró.
Por isso optei pelo Recife Antigo. Aliás a prefeitura caprichou na programação desse ano, comemorando os 100 anos do Frevo a programação foi irrepreensível. Sem esquecer que depois da batalha campal que foi o BALANÇA ROLHA a segurança foi reforçada. Penso que é lá no Marco Zero e adjacências que está o carnaval símbolo do Recife em todos os sentidos e do carnaval brasileiro como um todo, pela mistura que se faz.
A quarta-feira de cinzas é o pior dos domingos.

Listinha - 20 fatos


12 fatos positivos do carnaval em Recife:

1 - Maria Bethânia: ninguém ouviu, mas foi lindo.
2 - Spok Frevo Orquestra: 2007 será o ano deles
3 - Monobloco: ganhou o Recife, o show deles caiu nas graças do povão. Arrasaram.
4 - Gal Costa: um dos melhores shows. Mostrou que entende de frevo e ganhou o público.
5 - Lenine: show antológico no Marco Zero.
6 - "orquestrão": fechou o carnaval com chave de ouro. 60 músicos tocando frevo ao mesmo tempo.
7 - Quanta Ladeira: ainda não acredito no que vi e ouvi. Surreal.
8 - Vanguart: surpreendeu quem não conhecia, todo mundo adorou a banda de Cuiabá.
9 - Tom Zé: levou 18 mil pessoas ao Rec Beat, Recife é o seu lugar.
10 - Fafá de Belém vestida de caboclo de lança. Ela literalmente se jogou no carnaval daqui.
11 - A Troça: uma ótima idéia que juntou todo mundo que faz rock em Recife...cantando frevos.
12 - o cd duplo 100 anos de Frevo.

08 fatos nem tão legais do Carnaval do Recife

1 - Lula Queiroga bêbado cantando (e pagando mico) no show de Lenine
2 - Lula Queiroga empolgado cantando com o "orquestrão", solta um "puta que pariuuuuu" no meio da música.
3 - Moraes Moreira subindo ao palco pra cantar com Gal, de improviso.
4 - Um dançarino de frevo, vestido com roupa de professor de aeróbica (pra divulgar a própria escola) insistindo em ficar no palco em plena apresentação de Lenine no "orquestrão".
5 - uma velhinha simpática vestida de passista tentando dançar frevo no meio da apresentação do Maestro Nunes no Orquestrão.
6 - O vocalista Daniel, do Montage, forçando a barra na performance do Rec Beat.
7 - O mau humor de Gal Costa devido o atraso no dia do orquestrão. Ela não se juntou aos outros artistas pra cantar em conjunto no final do show.
8 - A esposa de J. Michiles jurando que é gostosa.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

"A Nana [Caymmi] leva um murro da dor; a [Maria] Bethânia dá um murro na dor."
Angela Rô Rô

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Showtime



18:00

FaFá de Belém está no palco fazendo a passagem de som. Daniela Mercury aguarda a vez de fazer a dela. É início de noite e chega ao backstage uma equipe do NE TV querendo gravar uma chamada ao vivo para a edição que entraria no ar em instantes. A equipe prepara o equipamento para entrevistar Fafá, que está no palco naquele momento. Chega então o aviso da produção de Danilea de que ela é quem daria a entrevista para o telejornal e não abriria mão disso. Produtores de um lado e de outro, conversas,impasse, vaidades. Fafá de Belém então vem e entrega o microfone: "ela quer fazer a chamada? pois que faça, aqui está." E dirige-se ao camarim.

21:30

o backstage não é dos piores, pelo contrário, é tranquilo. A área que fica atrás do palco tem mesas, cadeiras, sofás, além de um buffet de salgadinhos e bebida à vontade. O evento é um show em homenagem ao compositor J. Michiles, autor de grandes sucessos do frevo, entre eles Queimando a massa, Diabo Louro e Me segura Senão Eu Caio, entre outros. No espaço circulam músicos, produtores, convidados, garçons e até algumas crianças. Os camarins ficam no mesmo lugar, sem nada que os separe da cirulação de todos ali. Noto que os artistas daqui tem um único camarim à disposição, com um papel colado na porta onde se lê "camarim coletivo". Os outros são reservados individualmente a Daniela Mercury, Alceu Valença, Fafá de Belém, Chico César e mais um para os músicos da orquestra do Maestro Spok. Claudionor Germano, André Rio, Rosana Simpson e mais alguns que não recorod os nomes agora ficam com o coletivo.

Chega um carro e dele desce Alceu Valença. De cueca samba-canção (sim, era uma mesmo, de algodão), chinelos e camiseta. Apressado e sério, adentra o lugar direto sem dar boa noite e segue para o camarim, atrás dele sua esposa e mais uma pessoa.
As pessoas conversam e eu já estou na segunda cerveja. O show começa com a orquestra tocando e ouve-se o barulho do público do outro lado.
Chega André Rio. Sorridente, cumprimenta os conhecidos distribuindo abraços e saudações. Não entra no camarim coletivo, circula pela área comum onde estão os outros e fica por ali aguardando a hora de subir pra cantar. Já está com a roupa do show, aliás.
Uma pessoa vai até a porta do camarim de Fafá de Belém e pede para uma mulher que está postada á frente pra tirar uma foto com ela. "-agora não dá - responde polidamente, ela está se concentrando, só depois do show".
Chega Chico César. Vestido de branco e com um turbante da mesma cor, circula um pouco, tira fotos, conversa, sorri. Depois entra no camarim e sai algumas vezes, logo depois chega sua vez de subir ao palco, ele faz sua parte e quando termina volta para o camarim, conversando e tirando fotos. Logo depois vai embora, se despedindo e trocando mais algumas palavras.
Há uma espectativa com a chegada de Daniela Mercury. As pessoas perguntam, produtores com telefones ao ouvido andam de um lado para o outro. Algumas pessoas estão com máquinas fotográficas a postos.
Fafá de Belém sai do camarim, mas não pra ir ao palco, e sim ao banheiro. As pessoas observam ela dirigir-se pra uma cabine que fica exatamente do lado da escada de acesso ao palco. A cantora parece constrangida ao sair e sorri pra pessoas. De sandálias, calça e camisa largas volta novamente ao camarim.
Uma produtora bate na porta de Alceu Valença e ele sai, vestido com uma fantasia de holandês (ou português) do Brasil colonial. Vai direto pra escada de acesso ao palco, sério e a passos rápidos. Anunciam seu nome e ouço o público gritar aos primeiros acordes e de sua entrada no palco, saudando a todos. Termina e ele desce as escadas direto para o camarim. Minutos depois ele sai, ainda fantasiado e algumas pessoas querem tirar fotos com ele. Impaciente, pára para uma , depois outra e mais outra. Sempre apressado e já dirigindo-se para a saída uma mulher acena com o celular em mãos e pede uma foto; ele segue impávido e ela chama novamente; Alceu acena breve e vai embora para o carro. "Pôxa" - diz a mulher.

Chega Daniela Mercury. Flashes, olhares, acenos. Ela atravessa a área comum até o camarim, que é o primeiro do palco à saída. As pessoas começam a chegar mais perto com máquinas na mão esperando sua saída para o show.
Nessa hora eu saio e dou a volta, indo pra frente do palco. Daniela entra e há uma ovação da platéia. Ela é quem mais canta nesta noite: 04 músicas. O tempo inteiro ela exorta a platéia e dança no palco, fala do frevo, de J. Michiles e diz que "um dia ainda virá pular carnaval aqui, na rua". A platéia delira.
Já ao final eu volto ao backstage, subo a escada de acesso ao palco e fico vendo o final de sua apresentação dali. Na saída dele até a escada, ela leva uns 10 minutos. Conversa com pessoas, tira muitas fotos, sorri e mostra-se paciente. Já perto da escada está Fafá de Belém, devidamente paramentada de caboclo de lança! Animadíssima e sorrindo pra todos. No caminho Daniela avista Fafá e diz pra produtora que a seguia "Olha lá, eu queria uma cabeça dessa..."mostrando Fafá com a indumentária tradicional do maracatu. As duas se encontram e o sorriso some. Daniela vai até ela que parece não querer muita aproximação, "Isso é entre eu e você" - diz Daniela e ambas trocam algumas paalvras. Ao redor, pessoas pedem fotos com as duas, que não conseguem disfarçar uma má vontade de saírem juntas.
Fafá entra no palco e Daniela continua atendendo os pedidos de autógrafos, fotos e atenção na porta de seu camarim. Um homem se aproxima e pede "uma chance". Diz ser bailarino e ela ouve atentamente o que ele diz. Pede o contato dele que lhe entrega um papel, ela chama uma acessora, que o guarda. Minutos depois, vai embora para o carro.
Fafá termina e novamente no caminho até o camarim mais pedidos. Desta vez ela está apressada. Diz que vai trocar de roupa para voltar ao palco, num encerramento coletivo. Pede desculpas mas avisa: "já, já eu volto".
E o encerramento se dá so som de Vassourinhas. Os artistas regionais todos no palco. Dos que vieram de fora apenas Fafá de Belém, que dessa vez volta apenas com a manta da fantasia e...descalça. Ela pula, dança e se solta no palco ao som do frevo. De um lado para o outro animada e rindo bastante. Ao final, ela calça as sandálias e desce as escadas, caminhando em direção á porta. No caminho vai cumprimentando a todos e tirando mais algumas fotos. Minutos depois eu saio também e ela ainda está lá fora atendendo alguns fâs que a aguardavam no estacionamento, se despede e entra num carro de vidros escuros. Um rapaz vem correndo e se aproxima pedindo foto, mas o carro, que já manobrava no estacionamento segue em frente e se afasta. "Que mulher nojenta, metida" - diz o fâ. São 01:40, começa a chover forte.

É FREVO!

O carnaval de Recife deste ano comemora os 100 anos do frevo. O ritmo vem sendo reverenciado em vários eventos pela cidade e será o principal mote da festa. Nos últimos dias eu venho me surpreendendo comigo mesmo, estou numa fase de re-descoberta (é assim que escreve?) do frevo.
Vou explicar melhor: eu nunca fui dos maiores simpatizantes do ritmo; refiro-me especificamente ao som do frevo, pois a dança eu nem tenho coordenação motora suficiente e sinceramente acho que "fazer o passo" algo complicado e descordenado. Penso que dançar frevo, dançar mesmo, daquele jeito que vemos pela tv, nas mesmíssimas matérias do jornal nacional que se repetem a cada ano, mostrando os passistas naquele frege incontrolável de pernas, braços, sorriso e sombrinha algo inatingível para o cidadão comum. 99% das pessoas que vejo na rua "pula" o frevo, sacode um pouquinho e só, performances mesmo só pra gente tarimbada.
Mas e a música, essa sim, venho descobrindo ultimamente e tenho gostado. Cheguei à conclusão que reneguei o frevo da minha vida logo que entrei na adolescência. Má vontade mesmo. Achava as músicas chatas, modorrentas e com cara de coisa-velha-pra-turista-ver. Tsc...tsc...quanto tempo perdi.
Quando criança não: meu pai me levava para o baile de carnaval da AABB e eu me esbaldava. Quando veio a década de 90 e a "axé music" estourou aí foi que cortei relações mesmo. De repente o frevo virou o vilão ante a onipotente música baiana, e lembro que lia nos jornais uma guerra declarada entre micareteiros e passistas. Confesso que pulei muito Recifolia sim, e não me abstenho de correr atrás do trio elétrico (na verdade nunca corri, caminhei), o erro é exaltar um em detrimento do outro. Essa comparação já é estúpida, e os argumentos pioram ainda mais qualquer tentativa de colocaram frevo e axé em pé de guerra.
Pois bem, o renascimento começou quando fui assistir um show do lançamento do cd comemorativo "É de Perder os Sapatos", obra que reúne cantores daqui e de lá interpretando frevos. O mérito principal na verdade vem do Maestro Spok e sua Orquestra, que fez os arranjos, e vem fazendo uma releitura das canções que já não é de hoje. Minha primeira constatação foi de que existem muito mais músicas de frevo do que eu imaginava. Meu universo frevístico (!) era tomado por "Vassourinhas" e mais uns 10 outros consagrados por aqui. Um deles, na verdade eu confesso, já gostava há anos, mas minha má vontade por pura burrice e teimosia não me deixavam admitir: Último Dia, de Levino Ferreira é sem dúvida o mais belo frevo já composto, é arrebatador.
Confesso que não há mágoas de nenhuma parte e ultimamente tenho ouvido muito frevo, descobrindo mesmo, e agora já não escondo mais que sou um recifense de coração aberto para o ritmo. Já era hora de me deixar levar por ele. Já ouviram falar em paixão de carnaval? Pois esta nem precisa compromisso mesmo, tá na alma.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Keane - A Bad Dream

Essa linda canção ilustra um curta francês chamado "Juste Un Peu de Réconfort", do diretor Armand Lameloise. A banda Keane fez um videoclipe não menos bonito, que conta o amor platônico de um rapaz e seus momentos de puro delírio e fantasia sexual. Lindo.


Acredito que um disco possa mexer com o consciente/incosciente de uma pessoa; tenha o "poder" de dar uma chacoalhada na visão de mundo ou pelo menos tenha um efeito próximo disso. Em tempos de música digital, onde cada vez mais as músicas perdem a identidade coletiva que têm dentro de um álbum, e tornam-se fechadas dentro de si, istoé, não fazem mais parte de um "todo", de uma obra que reúne uma amostra tempo-espaço do artista.

Alguns chamam de saudosimo, pode ser, mas geralmente vem atrelada a uma conotação simplória de que o avanço inexorável da tecnologia digital faz com que aqueles que viveram o passado tornem-se rabugentos que amaldiçoam a modernidade.Não tanto assim.
Hoje pode-se baixar qualquer tipo de música na web. Uma mesma música é encontrada na versão original, na versão "rádio" (mais curta), na versão demo, na versão voz e violão que o artista tocou de improviso, nas inúmeras versões "ao vivo", nas versão da versão (!), enfim, um número de possibilidades dentro da mesmíssima canção. Baixamos música aleatoriamente, faixas de discos diferentes e até de artistas diferentes num mesmo cd, arquivo, IPOD.

A nostalgia que tenho do disco, não é puro e simples capricho rabugento, mas é que enxergo como algo fechado: 10, 12 músicas em média que traduzem aquele momento do artista. Os discos trazem essa identidade sonora e estética de um momento único. Por trás da obra há um sem número de motivações e inplicações diretamente ligadas ao íntimo do artista, que se perdem quando buscamos "a faixa" que queremos web afora.

A maneira que consumimos música hoje está mudando. Não resisto em fazer uma relação com essa individualização da música com o próprio individualismo que nos permeia no dia-a-dia e que surge cada vez mais como a marca desta mudança na sociedade que a internet trouxe.
O ritual de comprar um disco e colocá-lo pra tocar, ouvindo faixa a faixa cada vez mais vira algo menos usual. Não vou entrar no mérito do preço do cd, seria outra discussão (e sensata) sobre o download de músicas, me detenho apenas na questão do acesso à musica na web.

Claro que ganhamos por uma lado com esse acesso irrestrito, ouvir canções que jamais seriam lançadas comercialmente e conhecer artistas que jamais veríamos numa prateleira com facilidade é sem dúvida um ganho e tanto. Mas sinto falta do ritual de comprar um disco, abrir o encarte e lê-lo, ir ouvindo suas faixas, ouvir novamente, "maturá-lo" e daí descobrir outras nuances, sentidos. Acho isso uma experiência e tanto.
E olha que eu tô falando do cd, se lembramos do vinil, onde essa sensação era ainda mais instigante e que ao terminar o lado A o "ritual" de troca para o lado B eram segundos de ansiedade do que estaria por vir...melhor ir ficando por aqui.

E falando na volta do Police...

Este ano está se configurando como o ano dos reencontros de grupos de rock. Phil Collins voltou para o grupo de art rock britânico Genesis para uma turnê européia prevista para durar o verão inteiro, e o volátil vocalista David Lee Roth está de volta com a banda de rock Van Halen, após um distanciamento que durou duas décadas.
Além disso, a banda australiana-neozelandesa Crowded House planeja pôr fim a um hiato de dez anos assim que encontrar um músico para tomar o lugar do baterista falecido Paul Hester.
fonte: www.uol.com.br

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

THE POLICE - A VOLTA

Sempre achei meio estúpido o raciocínio que alguns fazem que toda banda que volta aos palcos (ou aos discos) é apenas uma investida caça-níquel. Bom, ganhar dinheiro todo mundo gosta e quer, com exceção dos que fizeram voto de pobreza, o que não é o caso da imensa maioria deste planeta capitalista.
Críticos musicais e críticos de plantão (os chatos de sempre) certamente vão dizer que os "velhinhos" querem é grana, mas eu particularmente tô pouco interessado em quanto vão ganhar: são músicos competentes, ótimas canções e uma platéia ávida em ouvi-los novamente ao vivo.
O Sting nunca teve a mesma projeção musical quando estavam todos juntos na banda. Na carreira solo o galeguinho foi massacrado pela "insistência" em salvar a Amazônia (mas isso não é importante?) e tornou-se piada entre a mídia daqui.
Pois o The Police está de volta. O que venho sabendo é que os caras deixaram pra trás as brigas do passado e estão se preparando pra uma turnê mundial. Se vier ao Brasil já estamos no lucro, e se vier ao Recife aí seria pedir demais. Ver Sting, Andy Summers e Stewart Copeland tocando juntos depois de décadas vai ser algo que eu não imaginava desde adolescente, quando tinha fitas K7 gravadas com as músicas deles que tocavam no rádio (e eram muitas). Não havia uma festinha no salão de festas do prédio que não tocasse Roxanne, Can't Stand Losing You, Don't Stand so close to me, só pra citar algumas. A mistura do rock saído dos pós-punk inglês com acordes jamaicanos sempre soou única nas mãos do Police, e eu, que nunca soube gostar de regggae, ouvia encantado.
Se você compactua com isso ou tem mera curiosidade, eles tocaram ontem na abertura do chatíssimo Grammy. Dá uma olhada aí no vídeo, a música é Roxanne, não precisa dizer mais nada...
http://www.youtube.com/watch?v=6sHXCs84iJc

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

João Hélio está morto. Escrevi sobre ele alguns dias atrás, mas essa tragédia não me sai dos pensamentos. O que seria preciso para uma país se mobilizar? Para as instituições se mobilizarem?
Não gosto dos livros do Paulo Coelho, como autor ele nunca me disse nada. Mas ele escreveu algo sobre este torpor que nos norteia e achei bastante pertinente. O link é esse abaixo:
http://g1.globo.com/Noticias/Colunas/0,,7410,00.html
As discussões pelo visto estão em toda parte, mas não vejo mobilização. Pelo visto, tudo voltará ao normal, se é que pra muita gente já voltou mesmo.

A RAINHA




De Maio de 2000 a Dezembro de 2001, 17 meses, o pintor Lucian Freud esteve no Palácio de Saint James (Londres) para pintar um retrato da Rainha Elizabeth II.

Pode parecer algo rotineiro mas em se tratando de Lucian Freud a expectativa foi criada desde o início dos trabalhos. Conhecido por retratar a carne e o peso de SER sem retoques ou enfeites, Lucian mostra em seus quadros a crueza, os defeitos e imperfeições seja do homem, seja de um animal. O resultado da obra causou polêmica, e uma Elizabeth cansada, com uma coroa pesada sobre sua cabeça dividiu opiniões. Para muitos é o primeiro retrato da realeza britânica pintado de verdade, sem meias tintas. Para outros, um ultraje que deveria ser punido com a prisão na Torre. Não perdoaram a Freud a liberdade de transformar a rainha em "um travesti", disseram alguns. A imprensa se dividiu. Não houve meio termo. Passada a tormenta, o retrato está, hoje, na Royal Collection.

Esta breve introdução de Lucian Freud, artista o qual admiro imensamente, e o quadro de Elizabeth (ok, não me desculpo, eu adoro a monarquia inglesa) servem de uma introdução ao filme A RAINHA, que assisti ontem e que me deixou muito surpreso. Primeiro por ser um filme excelente: ótimo roteiro, direção de arte competente, mas o que mais chama atenção é justamente a figura central: Helen Mirren, a atriz que encarna Elizabeth. Depois de assistir o filme liguei-o imediatamente ao quadro de Lucien, na película a rainha é mostrada impassível, encalacrada dentro de si e sobre o peso que a coroa faz na cabeça de uma mulher que nasceu num castelo, cresceu e dali só sairá morta. Soberana de um povo, mãe simbólica de uma nação, Elizabeth atravessa os dias que se seguiram à morte de Diana seguindo os rituais rígidos que acha serem os adequados a sua figura de monarca. Ainda que o país chore a morte da "princesa do povo", a rainha tenta desvincular-se da catarse coletiva provocada por uma figura imensamente popular mas...que já não fazia mais parte da família real.

Helen Mirrem está tão convincente no papel que fica difícil desvincular a imagem da personagem na tela da imagem real de Elizabeth. Os gestos, o tom de voz, a sobrancelha tensionada, o ar cansado, a obrigação de ser rainha. Pude ouvir dentro do cinema algumas pessoas indignadas, chamando-a de fria, sem-coração e "velha nojenta". Mas em alguns momentos a platéia é levada a sentir uma espécie de compaixão por Elizabeth(pelo menos entendo assim). Claro que entre Diana e Elizabeth a comparação é injusta, mas o filme mostra o lado sufocante que está implícito a todo momento e impregna cada tijolo do castelo. O mérito aí é justamente podermos ver Elizabeth carregando essa coroa que lhe foi imposta. O quadro consegue passar isso perfeitamente e o filme apenas corrobora essa imagem. O fardo é pesado.
sobre o filme:



quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Anna Nicole Smith morreu.
JOÃO HÉLIO

João Hélio tinha 06 anos. Certamente nem em seus piores pesadelos, e em se tratando de uma criança desta idade os piores pesadelos não devem ser em grande número, mal poderia imaginar o que estava pra acontecer na noite de quarta-feira. João Hélio morreu aos 06 anos de idade e talvez não tenha conseguido pensar o que estava realmente ocorrendo ali: ele foi arrastado, preso ao cinto de segurança, durante 07 kilômetros, pelas ruas de uma cidade.
07 mil metros pendurado por um cinto de segurança, 07 mil metros de rastros de sangue, escorridos em 04 bairros percorridos pelo hábil motorista.
Parece-lhe surreal? Trágico? Revoltante?
O que os habitantes de uma cidade poderiam fazer diante de tamanha monstruosidade? Não fazem nada. Habitantes como eu, como você, que assistimos pelo Jornal Nacional o apresentador em tom pesaroso narrar o acontecimento. João Hélio foi mais um, virão outros, pode ser você mesmo que lê isto aqui ou mesmo eu que escrevo. Estamos acostumados, o que nos choca são detalhes, no caso do garoto, poderai ser a idade: 06 anos.
Mas o que mais me deixa atônito é que um caso destes não pára um país. Não pára uma cidade, não pára um bairro. Não mobiliza uma assembléia, um palácio, uma instituição. Não, de forma alguma. O sistema penal continuará o mesmo, os agentes políticos, eleitos por nós, cidadãos, farão discursos em suas tribunas, os policiais comemorarão a prisão em tempo recorde, baterão bastante nos presos e estes, os autores do crime estarão de volta em alguns anos. Um deles só ficará até 03 anos preso. Tem 17 anos não sabe o que está fazendo, precisa ser resocializado. A Febem certamente cuidará pra que ele saia uma pessoa melhor, afinal ela serve pra isso.
Nosso sistema penal carece de reformas urgentes, é de 1940. Mas quem se importa? O que se faz á respeito? Há alguma discussão em Brasília sobre isso? Deputados mobilizam-se para juntos conceberem um novo código penal?
Para se ter uma idéia, vou dar um exemplo da falta de, digamos, vontade dos políticos e também de nós mesmos:Na terça-feira, dia 06/02, a justiça decidiu que a divisão do "bolo" de ajuda finaceira aos partidos seriam divididos em partes proporcionalmente iguais, mesmo que o partido não tenha sequer um representante no congresso.Pois bem: em menos de 24 horas os 04 maiores partidos políticos do Brasil se uniram e fizeram um projeto de lei em caráter de urgência para ser votado nesta semana o retorno à regra antiga, que beneficiava os partidos maiores proporcionalmente.Já pensaram se estes mesmo 04 partidos se juntassem e fizessem uma reforma penal? uma reforma política? uma reforna na educação?Alguém aqui já cobrou do seu deputado e/ou vereador mudanças no código penal?...
E o sistema educacional como anda? Os garotos que fizeram isso com João Hélio, de onde vieram? Estudaram? Tiveram acesso a alguma estrutura pública que os tirasse da marginalidade? Onde andam propostas de programas e REFORMAS que tanto são necessárias neste país?
Onde finalmente estamos que não saímos às ruas EXIGINDO mudanças sociais, jurídicas, educacionais?
Semana que vem acontecerá novamente, não, pode ser até mais rápido, talvez amanhã mesmo. Aliás, está acontecendo agora.



Diante do ocorrido na Avenida Boa Viagem domingo passado, mandei um e-mail pro Jornal do Commercio comentando o que tinha visto. O jornalista respondeu-me solicitando a publicação na edição eletrônica, que é esta abaixo:


Balança Rolha: Publicitário diz que clima da festa foi mórbido
Publicado em 05.02.2007, às 00h00Do JC OnLine

O Recife viveu, neste domingo, cenas de horror em Boa Viagem. Depois do ocorrido, vários internautas deixaram mensagens, ligaram para a redação e enviaram e-mail sobre a situação caótica que presenciaram durante o desfile do bloco Balança Rolha, que trouxe Ivete Sangalo como atração principal. Abaixo, um desabafo enviado pelo publicitário Maurício Costa, que presenciou a cena.
"Estive hoje no Balança Rolha e posso dizer, sem nenhum exagero, que o clima da festa foi mórbido. Acompanhei desde o início e a violência tomou conta do início ao fim. Pessoas se batendo, cadeiras voando, garrafas sendo lançadas para o alto. Uma delas caiu na cabeça de um conhecido meu. Vi gente com costas ensangüentadas, foliões chutando pessoas, tiros.A polícia era muito pouca e pior: disposta a bater em qualquer um que visse pela frente. Era porrada mesmo, atirando pessoas no chão e espancando covardemente. A divisão de classes mostrou o que é o Brasil. Independentemente de ser axé, Carnaval ou o que seja, há um clima de ódio entre as classes, que aflora numa festa dessas.
Vi um fotógrafo sendo agredido e ameaçado pela PM. Ele foi cercado, simplesmente porque registrava a pancadaria da polícia nos cidadãos.Ivete parou o desfile inúmeras vezes, posso lhe dizer que não passava uma música, uma música sequer, sem ela se manifestar sobre o que acontecia no caos generalizado.Marginais havia aos montes, iam pra cima mesmo, teve arrastão na praia, vi famílias se jogando no chão de medo, crianças chorando.A toda hora ocorriam brigas e a correria começava, aí vinham as garrafas, os marginais, a polícia... Mesmo depois que chegaram vários carros com PMS e até cachorros, a confusão não diminuiu e pior: a polícia ficou em grande parte dentro de carros, atrás do trio... E o pau cantando na frente, nos lados, na rua dos Navegantes...Até na hora que Ivete desceu do trio pra ir embora houve violência: deviam haver umas 30 pessoas no máximo aguardando ela descer e a polícia simplesmente foi pra cima dos fãs. Vi um PM do batalhão de choque dar um tapa na cara de uma menina! Foi o horror.
Acho importante que seja discutido nos jornais o que foi esse domingo. E volto a dizer, o que aconteceu hoje é muito maior do que uma cidadeviolenta, é todo um sistema social falido e uma polícia truculenta e despreparada.
Decepção total, que pena, Ivete realmente ficou assustada com o que viu.
Fica aqui o meu registro".

Maurício Costa é publicitário, tem 33 anos, e mora no Recife.
* crédito da foto: www.folhape.com.br