quinta-feira, 31 de maio de 2007

OOPS! DON'T DO IT AGAIN


A melhor coisa quando alguém se predispõe ao debate é a argumentação. O propósito deste blog e que está resumidamente descrito no subtítulo é justamente, partindo de textos pessoais à respeito do que vejo e assimilo mundo afora, a troca de idéias; partindo sempre do meu ponto de vista, mas nunca encerrando-se nele.
Eu ficaria bastante satisfeito se, as dezenas de comentários que recebi em um texto anterior a este, tivessem primado pela argumentação baseada em fatos concretos e um pouquinho de inteligência. Salvo raríssimas exceções, querer discutir com pessoas abaixo dos 20,21 anos é realmente um esforço digno de nota. Mas se de alguma forma estas pessoas vieram até aqui, nem que tenha sido pra espernear sem nenhum argumento subsistente, vamos à resposta.

Pra começar, o texto que originou até uma ameaça de morte via e-mail (que confesso, me fez rir muito) falava sobre a lista publicada por uma revista sobre os álbuns mais aguardados de 2007. Baseando-se na expectativa depositada pela indústria, em primeiro e segundo lugar, figuram, respectivamente, Britney Spears e Michael Jacskon.
Fiz um texto meu, afinal o blog é meu e escrevo o que bem entender nele. Goste-se ou não é a verdade em que acredito. Claro que comentários serão bem vindos pois do contrário não haveria a possibilidade de fazê-los aqui, mas o nível deles é de fazer rir...pra não chorar.
O xiitas que xingaram e ficaram histéricos deveriam antes de mais nada prezar por um português melhor. A quantidade de erros primários de português só não me impressionou mais porque vieram de fâs de Britney Spears, não todos, claro, mas os que se dignaram a comentar neste blog me fizeram entender a razão de pensarem desta forma. Crianças, mal informadas, burrinhas e desatentas.

A questão primordial do texto e que os xiitas não entenderam até agora, é que Britney Spears está em primeiro lugar não por ser uma ótima cantora ou por ter uma obra de respeito, e sim por ser uma engrenagem desta indústria que produziu rios de dinheiro pra sua gravadora, para MTV, para tablóides, e todo o resto desta industria cultural. Ser o primeiro lugar não a torna referência de nada, a não ser o fato de que ela é um produto típico dessa cultura de massa. Temos como primeiro lugar em pesquisas da internet, por exemplo, a socialite Paris Hilton, isso a transforma em algo melhor?

Britney Spears é sim pré-fabricada. Se diz cantora, mas não canta. É limitada como "artista", dança muito bem mas até nisso não sai do lugar comum. Suas músicas de um modo geral não trazem nada de relevante no pop, há exceções: Toxic e I'm a Slave 4 U são ótimas, mas não carregam o resto do conjunto.
Surgida como cantora há quase 10 anos (a fase Disneylândia não conta), trouxe um grande sucesso na época e que seus produtores pegaram de carona e a transformaram num sex-simbol. Virou mania, como tantas outras surgidas da mesma forma. Passados quase 10 anos e uns 04, 05 discos, continua fazendo a mesma coisa. A diferença agora é que tem dinheiro e poder, decidindo de que forma vai direcionar a carreira, e aí foi que a coisa entornou: ela não sabe lidar com isso, ela não tem "substância", pelo menos até o momento, pra provar que conseguirá seguir adiante.

Assisti-la dando entrevista é patético, dá pena. A incapacidade de gerir uma simples ida ao estúdio de gravação transforma-se num circo que ela não consegue lidar; basta ir no YOUTUBE ou procurar em bons sites sobre ela e você verá que todos os dias são feitos vídeos dela tentando caminhar na rua, sair de algum lugar, entrar no carro ou onde quer que seja e um verdadeiro exército de fotógafos empurrando-a sabe lá Deus pra onde, pois em certos momentos acho que nem ela sabe pra onde está indo tamanha a confusão.
Shakira, Aguilera, Gwen Stefani, surgidas na promessa de serem o mesmo que Britney, já estão em outro estágio à frente. O fato de ser perseguida, muito rica, ter ganho grammys ou coisas do gênero não a fazem ser nada mais do que ela é: uma embalagem na prateleira do supermercado, e que por ter gerado milhões de dólares, há a expectativa de saber se depois da incerteza que virou sua carreira, ela retornará e renderá outros milhões. Alguém aqui lembra dos Backstreet Boys? Se alguns anos atrás perguntassem onde eles estariam hoje, duvido alguém dizer que seria no ostracismo. Ou vocês acham que eles têm a música na alma? Ou pelo menos tem um compromisso natural em crescer e levar adiante sua verdade?

Ser um artista pop é estar á venda. Não sejamos ingênuos. De Madonna à Britney, de U2 à Coldplay, de Mariah Carey á 50 Cent, todos fazem parte desse sistema e precisam ser rentáveis à indústria. O que diferencia um de outros é justamente à verdade real da verdade fabricada, e Britney Spears por ser um investimento altíssimo, causa essa expectativa mais do que justa. Se outros artistas estivessem passando pela fase atual dela, certamente apareceriam nas mesmas condições e haveriam incertezas. O mesmo ocorreu com Mariah Carey: criou-se-se uma grande expectativa, ela assinou um megacontrato e o disco foi um fracasso e depois seguiu-se outro. Se continuasse daquela forma podem ter certeza que não estaria hoje na mídia e isso não a faz melhor nem pior cantora, nos termos que discuto aqui. O álbum INVINCIBLE, de Michael Jackson foi um fracasso retumbante e olha que não faltou dinheiro pra promover, para o próximo disco dele estão todos pisando em ovos com medo de outro fracasso, que enterrará provavelmente de vez sua carreira.
Tori Amos, que os fâs de Britney não conhecem, por exemplo, é uma grande cantora, mas nunca ganhou Grammy, ou escreveu nome em calçada e nem por isso deixa de ser a grande artista que é. O que não se justifica são os comentários sem pé nem cabeça feitos sobre o tópico em questão. Vejamos alguns:

"mais Britney tem talento sim cara
naum é por acaso que alguem fica tão rica e tão famosa igual ela ficou
"
- Gerar dinheiro não necessariamente tem a ver com talento...
"A Britney é uma otima cantora, caso o contrario ela nao teria feito tanto sucesso." - qual a relação disso? E aliás, ela canta?
"BRITNEY é revoluçao do POP" - esse foi um dos mais engraçados. Revolução de que? Ela é uma popstar, mas tá longe de revolucionar alguma coisa. Procure um dicionário.
"fala mal da britney pq nau aceita ela no primeiro lugar" - tá vendo como tem gente que não entendeu o que leu?
"vc jah viu o tape q ela mandava pras gravadoras dps q saiu do clube do mickey?" - uahuahauahauahauahauhau, isso é muito divertido!
"Britney Spears é a cantora que mais bateu recordes no Mundo... Assim como o Michael Jackson, ela também tem uma estrela na calçada da fama.... Britney foi imortalizada em 2003..." - por isso mesmo que há a expectativa dela permanecer no topo ou não. Ter estrela em calçada não quer dizer que se tem talento, vide Schwarzenegger.

Como se pode ver, o grosso dos comentários é neste nível de argumentação. Portanto, não há muito o que fazer, certamente quando passar a fase pós-adolescente, um pouco de leitura e ponto de vista crítico farão muito bem para a maioria que escreveu aqui.
E torno a dizer, Britney é uma ótima forma de diversão, mas com uma fórmula datada. Michael Jackson, é talentosíssimo, mas tem uma profunda dificuldade de se comunicar com o mundo; ele vive de música, isso tenho certeza, mas também vive atormentado com a sombra dele mesmo. E precisa focar-se de outra maneira ou do contrário ninguém o levará a sério. Por ser quem foi (e a importância dentro da indústria) há uma aposta muito grande nesse novo disco. Está em segundo lugar, pois há mais de 10 anos não consegue emplacar e dar retorno aos investimentos, mas ainda traz uma obra de respeito.

obs.:faço uma menção honrosa a um comentário feito por SARAH, fazia tempo que eu não ria tanto.
E aos poucos que expuseram seus argumentos de forma sensata , agradeço a Fer, Macedo, Priscila, Bruno Calmon, Diego Fernandes, Bion, Kyrlien e Homero.

A INJUSTIÇA


Farah Jorge Farah, cirurgião, matou e esquartejou uma mulher que mantinha relacionamento com ele há quase 20 anos. Cortou com precisão cirúrgica diversas partes do seu corpo; a pele das pontas dos dedos e a planta dos pés foram retiradas com bisturi pra que não houvesse identificação. Retalhou parte do rosto, separou cabeça e membros, lavou todo o corpo; não deixou uma gota de sangue, retirou vísceras, embalou, colocou os sacos dentro do porta-malas do carro e seguiu ao seu apartamento. Depois de preso, confessou o crime.
Como é de praxe, passados 04 anos ele ainda não foi julgado, e no pedido de liberdade, o advogado dele argumentou que não há motivos para ele ser mantido preso preventivamente. "Não há risco de fuga, nem há mais clamor público", disse o advogado. O STJ acatou o pedido e ele saiu tranquilo, caminhando pela calçada, ontem.
O advogado também informou que ele pretende voltar a praticar seu ofício (medicina, fique bem claro) e afirmou ter sido uma "injustiça" o registro dele no Conselho Estadual de Medicina de São Paulo ter sido cassado. O advogado deverá recorrer da decisão do CREMESP.

domingo, 27 de maio de 2007

O REI E A PRINCESA

A Billboard, uma das revistas mais importantes do mundo em matéria de música e comportamento, divulgou sua lista dos álbuns mais aguardados de 2007:

1. Britney Spears
2. Michael Jackson
3. Madonna

4. Mariah Carey
5. Rihanna
6. Nicole Scherzinger (from The Pussycat Dolls)
7. The Pussycat Dolls
8. Nelly Furtado (new album in Spanish)
9. Jennifer Lopez (new album in English)
10. Cindy Lauper

Me atenho aos 03 primeiros, embora não posso negar que seja curioso Cindy Lauper figurar na lista dos discos mais aguardados, pois apesar de muita gente considerar que ela sumiu ou se aposentou, continua compondo,gravando e fazendo turnês, por sinal em Setembro estará no Brasil. Depois do fenômeno que foi na década de 80, Cindy saiu dos holofotes mas continuou no meio, porém sem o estouro de popularidade que detinha naquela época. Apesar de tudo mantém uma base de fâs saudosos, incluindo este que vos escreve.

Bom, mas vamos lá, em terceiro lugar temos Madonna. Desnecessário dizer que um disco dela causa expectativa, são 25 anos no topo e alternando sucessos. Poderia figurar na lista como hour concours.
Prestes a completar 49 anos em agosto e depois do estouro mundial do último trabalho (Confessions on a Dancefloor), o novo trabalho obviamente será aguardado ansiosamente por muitos, além de toda indústria musical.

Agora Michael Jackson e Britney Spears deveriam estar empatados no primeiro lugar. Ela, surgiu do nada; típica cantora plastificada que despontou para a fama e fortuna no show-business envergando a típica americaninha ninfeta com voz infantil e apelo sexual. Se no começo parecia mais uma moda descartável, ela seguiu em frente e passou do segundo disco, ainda que no geral sua "obra" seja ruim. Britney Spears não sabe cantar, sua performance é calcada em cima de gemidos, caras, bocas e talento para dançar. Os videoclipes alternam-se em coreografias datadas: ela sempre ao meio e um grupo dançando por trás, além de aparecer usando figurinos que remetem o estilo ninfeta cantante. As letras também não ajudam muito: é um tal de "baby" pra cá, de "eu vou fazer..." "Vou te deixar...." "preciso do seu amor", enfim, nada muito consistente que segure uma base de consumidores por muito tempo. Embora no POP letras não necessariamente precisem dizer alguma coisa, Britney Spears é tão ôca artisticamente que não demorou muito para o inferno instalar-se ao seu redor. Sua última turnê recebeu uma saraivada de críticas, principalmente pelo fato de não cantar ao vivo. Pagar ingressos caros pra assistir um show onde toda voz é a mesma que se ouve no cd, onde a coreografia é basicamente a mesma coleção de movimentos sinuosos e até o cenário não traz muitos atrativos; sem um roteiro básico que segure os altos e baixos de um bom espetáculo, cansa facilmente - vide Janet Jackson, que se você pegar um show atual e outro de 10 anos atrás, é a mesma coisa, por sinal esta também está correndo atrás do prejuízo.

A quantidade dinheiro que ganhou tão nova, e a pressão em volta feita pela mídia mexeram com a cabecinha já não muito boa de Britney. O peso de ser uma estrela foi demais e a cantora não suportou o tranco. Entradas e saídas seguidas de clínicas de reabilitação, um inferno constante de paparazzis ao seu redor e uma incapacidade total de saber lidar com todo esse esquema em volta fizeram dela uma incógnita na Indústria. Os primeiros sinais dela em tentar voltar ao meio têm sido vistos com ainda mais críticas: pequenos shows em algumas casas de espetáculo nos EUA, com duração de 15 minutos, ausência de uma banda no palco e o cd tocando enquanto ela dança a mesmíssima coreografia de sempre, com direito a botinha branca, mini-saia e peruca mal ajambrada sobre a cabeça recém raspada. Se depois disso virá um cd que reabilite Britney Spears no lugar que ocupava anteriormente, e que será decisivo para ser levada a sério e assim sobreviver, é uma incógnita. Mesmo sob a batuta de produtores estrelados, o cd e uma possível turnê são vistos com desconfiança, ainda mais que na semana passada, num dos pequenos shows que fez na Flórida, o cd pulou no meio de uma música e a cantora disfarçou virando de costas para o público. A platéia vaiou.
Michael Jackson é outro mistério. E este talvez seja até mais aguardado que Britney Spears. Sem conseguir emplacar nada muito digno desde o álbum Dangerous, que é do início da década de 90, o cantor luta contra seus próprios fantasmas. De criança prodígio, passando por uma vitoriosa carreira juvenil ao lado dos irmãos e tornando-se um dos maiores astros de todos os tempos, envergando clássicos pop como Thriller, só pra ficar neste que é o maior sucesso pop da história. Michael tem duas questões que são o cerne das polêmicas em torno de sua figura: a musical e a pessoal. As duas são tão imbricadas que fica difícil separar o artista da figura pública transtornada emocionalmente. Ainda que muitos artistas utilizem seus problemas como uma mola que alavanca sua própria obra, Michael Jackson é visto já a algum tempo como uma grande piada; ninguém repara mais em sua música - esta ficou em segundo plano, o que aparece na linha de frente são os filhos com sacos enfiados na cabeça, a face deformada, o pobre garoto que nunca quis crescer e até mesmo o sexualmente perturbado.

A alcunha de Rei do Pop que ele tomou para si e que seus fâs remetem como um mantra nem de longe fazem jus ao que Michael Jackson se tornou: seus últimos discos foram um fracasso e a gravadora espertamente investiu em coletâneas, já que seu histórico musical é matador. Nos últimos anos porém, talvez o excesso de programações eletrônicas e uma repetição de um estilo que não lembra nem de longe pérolas como Billie Jean, Black Or White e Remember the Time, entre outras tantas, cansou e afastou boa parte dos consumidores de sua música, as rádios, e a indústria em volta. Das páginas musicais ele saltou para os tablóides de fofocas. Há um burburinho de que o fato do produtor do Black Eyed Peas ter sido chamado para produzir algumas faixas possar trazer o velho Michael, embalado no som funkeado que fez história, de volta.

Mas tal qual Britney Spears, os primeiros sinais desse retorno foram cinzentos. Michael continua com o mesmo comportamento perturbado e alguns meses atrás todo mundo esperou uma apresentação num prêmio musical na Inglaterra, a mídia toda à postos, fâs histéricos, luzes e...ele apareceu no palco cheio de criancinhas em volta, não cantou nada e quando tentou entoar, de improviso, alguns versos de We Are The World, a voz engasgou. Logo depois foi ao Japão num evento onde fâs pagaram alguns mil dólares para tirar uma foto com ele, e apenas isso. O cantor foi vestido de pijama.
Até mesmo a fórmula utilizada em seus videoclipes também cansou, de tanto que já se repetiu: a eterna luta de Michael contra os malvados, a pose de Peter Pan e as garotas que ele seduz com aquela dança inimitável viraram lugar comum, e olha que em 2008 ele fará 50 anos.

Se ele conseguirá fazer um bom disco, não se sabe. O certo é que enquanto ele continuar com a missão de querer salvar as criancinhas e comportar-se como um amalucado atrás de lojas de brinquedos, vai ser difícil outra coisa além disso passar pela mídia. Torço pra que Michael seja apenas um cantor e dançarino dos bons tempos, e que este disco seja sua volta triunfal, mas confesso, vai ser difícil. Se ele deixar de lado o mito de Rei, as criancinhas, os malvados, Peter Pan, soldadinhos de chumbo, seus filhos saindo na rua com sacos na cabeça, o salvador dos oprimidos e das florestas e tudo o mais que carrega dentro do seu armário cheio de esqueletos, talvez Michael Jackson retorne à terra, e com ajuda de muita terapia, claro.

Apesar que tanto ele, quanto Britney Spears terem milhares de fâs espalhados pelo mundo, isso de nada vai adiantar se ambos cometerem os mesmos erros e não souberem reinventar-se. Aqueles chiitas e que ficam histéricos na primeira fila dos shows não fazem o sucesso de um artista e muito menos de um disco. A indústria é um gigante do qual ambos são dependentes e que pode deixá-los para trás; certamente a expectativa ante o lançamento dos novos trabalhos é grande e será decisivo para a volta de um Rei encastelado e de uma princesa prometida.

PET SHOP


Tá querendo um animal de estimação pra lhe fazer companhia? Se as opções óbvias de gato e cachorro não são prioridade e você não chega perto de hamsters, iguanas ou algum outro bicho doméstico, vá de POTBELLIED.
POTBELLIED, se você não faz a mínima idéia do que seja, é uma raça de porco. São muito populares nos EUA, onde se difundiram como bichos de estimação. De acordo com uma pesquisa que fiz pelo Google, os donos de Potbellieds consideram sua limpeza, inteligência e aparência fatores decisivos para ser ter um em casa.
Esse animalzinho aí da foto é criado por uma produtora artística em São Paulo. Segundo ela, podem andar de coleira, precisam de água limpa todos os dias, aprendem a obedecer pequenas ordens e são uma fofura. Mas atenção, os dentes caninos devem ser retirados logo que nascerem, pois o bichinho aí tem uma mordida potente. Qualquer arrependimento póstumo, arrume uma panela grande, chame os amigos e preparem aquela feijoada.

Mais informações:
http://petsecia.com/outros/potbellied.htm

É COISA NOSSA


Mesmo depois de ser ironizado por colegas no Congresso, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) mantém a decisão de apresentar à CPI do Apagão Aéreo um requerimento para que a Presidência da República lhe ceda um jato Legacy para refazer a rota do avião que se chocou com o Boeing da Gol, em 2006.
Trecho de uma entrevista feita pela Folha de S. Paulo ao deputado:

FOLHA - Como a reconstituição pode ajudar a elucidar o acidente?
WELLINGTON SALGADO - Existe no local do acidente o chamado "buraco negro" [do espaço aéreo], que hoje eles falam que está coberto pelos radares. Eu iria desligar o transponder do avião, botar um senador na torre [onde ficam os controladores do tráfego aéreo] em terra, e falar: "Está me vendo? Sumi?". Depois, mergulhava mil metros e falava: "Está me vendo? Em que altura estou?". Claro que mandando os outros aviões saírem dali na hora, né? Quero um senador esperto na torre, o Mário Couto [PSDB-PA]. Se botar o [Eduardo] Suplicy [PT-SP], é perigoso.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Pé na tábua

Tem início hoje uma nova lei de trânsito no Brasil: ela obriga a instalação de placas de sinalização nas vias onde estiverem instalados equipamentos medidores de velocidade - os radares. Com isso, multas aplicadas por radares escondidos em ruas e estradas não terão validade em todo o país. Isso significa, em termos práticos, que é permitido você pisar fundo onde não houver a placa indicativa de que há um radar monitorando a velocidade. Perfeito para um país como o nosso: agora, nas estradas, os veículos diminuirão a velocidade quando avistarem a sinalização e depois dela, salve-se quem puder. Deve ser o único país do mundo que tem uma lei dessas.
Agora respire fundo: de acordo com o programa S.O.S. Estradas, que fez um estudo intitulado "Morte no Trânsito: Tragédia Rodoviária", morrem no Brasil, todos os anos, vítimas de acidentes de trânsito 37.000 pessoas, isto mesmo, você não leu errado, são trinta e sete mil pessoas por ano. Na inglaterra, o total de vítimas de acidentes é de 100 pessoas no mesmo período. Todos os dias ocorrem, pelo menos, 723 acidentes nas rodovias pavimentadas brasileiras, provocando a morte de 35 pessoas por dia, e deixando 417 feridos, dos quais 30 morrem em decorrência do acidente (esse números não incluem os acidentes dentro de vias urbanas).
Diante desse quadro e zelando por nossa segurança pelas ruas e estradas deste país, certamente foi uma idéia de gênio essa nova lei. Nossos legisladores devem estar orgulhosos.

***
obs.: semana passada, em São Paulo, um homem atropelou e matou 05 pessoas de uma mesma família (mãe, tia e 03 crianças). O motorista vinha em alta velocidade numa rodovia que corta uma pequena cidade paulista; ele não prestou socorro, abandonou o carro e fugiu. Os advogados dele disseram hoje que ele vai se entregar, com isso não poderá ser preso pois não houve flagrante, e responderá o processo, claro, em liberdade.

Prioridades


Bento XVI partiu, Romário finalmente fez o milésimo gol e agora nos resta o PAN na lista de eventos que teremos que engolir goela abaixo. Há pouco mais de um mês para o início dos jogos, corre-se contra o tempo para concluírem as obras que faltam. Tudo em cima da hora e com aquele jorro de dinheiro público que só o Brasil é capaz de fazer. Nosso PAN tem gasto de Olimpíada.
Além destes,na semana passada Luana Piovani, a lenda urbana, soltou mais uma de suas frases de efeito midiático: chamou Caetano de "banana de pijama"; tudo porque não teve para si uma homenagem e ainda foi desmentida pelo próprio. Caetano deve ter ficado sem dormir com as declarações de Luana, a síntese da mulher moderna, descolada e amiga de intelectuais. Mês que vem sairá seu terceiro ensaio na Revista Trip, que já fez fotos dela aos 20, 25 e agora aos 30 anos. Os dois primeiros são ítens de colecionador.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Céus!


Graças a Deus, Bento XVI foi embora. Católicos ou não, fomos obrigados a aguentar a mídia histérica em torno da visita do Papa carrancudo ao Brasil. Foi um verdadeiro frenesi, que me fez lembrar os cultos da Igreja Universal, cada um no seu estilo, claro.
Antes mesmo de sua chegada por aqui, os jornais vieram com todo tipo de informação: o lado político da visita, os dogmas da Igreja, o estilo do Papa, suas roupas, sua predileção por doces (confesso, fiquei com inveja das delícias que lhes foram servidas) e tudo mais que pudesse ser dito.
Acompanhei a chegada dele ao vivo pela tv, afinal, não resisto a um show. E Bento XVI até que desfez um pouco a imagem enfezada dele por aqui, mas fica muito aquém da comoção causada por João Paulo II.
Bento desceu do avião sem nem fazer uma paradinha estratégica no alto da escada, olhando a todos por cima,permitindo aos fotógrafos e cinegrafistas uma imagem "limnpa"; pelo contrário, surgiu entre a tripulação do avião e desceu as escadas apressadamente, sem dar tempo dos telespectadores saborearem o momento divino. Pisou em nosso solo, não beijou o chão, e Lula rapidamente estendeu-lhe as mãos - mas sem beijá-las. O papa anda rápido, não parece em nada com a imagem dramática que a Igreja gosta de propagar - e que os fiéis católicos têm adoração: o sacrifício, a entrega, o martírio.

Não sei se algum bispo o avisou ou se apenas a multidão postada à frente do mosteiro, entoando gritos de torcida, fez o sumo pontífice perceber que brasileiros adoram uma catarse, e, claro, as tvs também; por isso tão logo apareceu na sacada para o primeiro "aceno oficial" e a multidão enlouqueceu. Acreditem se quiser: Datena, o apresentador barra-pesada da Bandeirantes chorou em plena transmissão, eu estava assistindo. Dali por diante, apareceria diversas vezes para acenos e afagos ao povo, segundo um jornal, estavam programados umas 03 ou 04 "aparições" na janela, e Bento, empolgado, se mostrou 04 vezes mais. Era um delírio.
Isso sem falar nas ruas fechadas, no papamóvel, nas missas, nos choros, nos encontros e nas "quebras de protocolo" - quando Bento deixou-se tocar e foi ao encontro das pessoas. A Igreja Católica teve seu dia de Universal como há muito não se via.

Deixando a festa de lado, Bento não é bobo e tratou de condenar, como de costume, o divórcio, a camisinha, o aborto (e o plebiscito), os gays, etc,etc,etc. Teve até a audácia de dizer que os índios deveriam agradecer à catequisação imposta pela Igreja ao longo dos séculos, afirmando que "seria um retrocesso" não fazer isto pelos pobres índios tão necessitados de uma lugar ao céu; o céu da Igreja, diga-se de passagem.

E Lula estava indo muito bem até então. De início declarou em alto e bom som que o Estado brasileiro é laico (aliás, isso é questão de bom senso), não beijou o anel do Papa, fez-se de desentendido quando instado a adotar o ensino religioso obrigatório (adivinha qual?), dentre outros projetos trazidos de Roma; e em suma, portou-se como deve-se portar um chefe de Estado: à parte de questões de escolhas individuais.

Ledo engano. Foi só o Papa ir embora - e nesse meio tempo houve uma conversa reservada entre os dois, que 02 dias depois da sua partida Lula avisa que não vai mais propor a discussão e o plebiscito sobre a descriminalização/legalização do aborto. Deixando esta decisão para o Congresso Nacional, aquele que conhecemos bem, em toda sua honestidade, presteza e zelo público.
O que será que o fez mudar de idéia tão rápido? Talvez medo de ir para o inferno, quem sabe.

E voltamos então à normalidade. Nada de discussão, nada de mudanças, nada. Nada? Ah, eu quase esquecia! O Congresso Nacional aprovou, durante estes dias de comoção, um aumento em seus salários. E ninguém percebeu, claro...tudo continua na mesma e cada um que viva sua vida. Enquanto isso, estima-se que mais de 01 milhão de mulheres abortem no Brasil todos os anos, sem nenhum amparo público e legal.

Live Earth


Vai ser no dia 07/07/07. Concertos em vários países do mundo (inclusive o Rio), todos em prol de mudanças para conter o aquecimento global.
Ainda que a intenção seja ótima, tomara mesmo que sirva pra engajar pessoas e governos quanto à necessidade de cuidarmos melhor da nossa casa.
Madonna compôs uma música-tema para o evento e está disponível temporariamente para download gratuito neste site: www.liveearth.msn.com
Olhando isoladamente, não é das melhores de Madonna, mas quando imagino sendo tocada acompanhada de imagens de ursos polares e cia, vai funcionar um bocado. O arranjo é daqueles pra serem tocados para as multidões, chamando todos para a mobilização; bem ao gosto da TV.
Enfim, tomara que funcione (a música e a proposta), de qualquer modo alguma banda que você goste vai tocar lá.
OBS.: fazendo o download por este site, a Microsoft destinará us$0,25 para o fundo criado em prol de campanhas contra o aquecimento global.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

O Déspota


Roberto Carlos teve uma atitude de rei. Daqueles reis tiranos que permeiam a imaginação de todos e que ao longo da vida são retratados em filmes, desenhos, na literatura. Certo de que a alcunha popular de rei da música brasileira lhe permite passar por cima da livre expressão, Roberto Carlos impediu a comercialização de um livro biográfico que retrata em detalhes aspectos de sua vida e carreira, com um panorama da própria música brasileira, da importância da Jovem Guarda e esmiúça uma obra que permeia a vida desta nação.

Foi um grande erro seu, Roberto. Você não tinha este direito. Ainda que o argumento de invasão à vida privada seja um fato consistente, a Constituição garante a livre expressão. Sua imagem é pública; seus amores, tristezas e canções são de conhecimento de todos. A justificativa de que a obra vai de encontro à sua honra e sua imagem é uma grande mentira. O livro não relata nada que desabone sua figura pública e as histórias lá contadas, tais como a de sua perna mecânica, a doença de Maria Rita ou a noite de sexo com Maysa, não são nenhuma novidade que ponha por água abaixo sua reputação ilibada.

Ser Roberto Carlos deve ser um fardo pesado de se carregar. Talvez por se manter recluso diante da esmagadora pressão quando sai às ruas e pela expectativa que deve acreditar gerar nas pessoas (e que é verdadeira); sem contar as histórias de excentricidades, e de ser chamado de Rei onde quer que esteja.
Adorado por uma nação, respeitado por seus pares e reverenciado pela mídia, Roberto acreditou estar acima do bem e do mal. Ignorou a importância de se haver obras que retratem personalidades históricas, artísticas e tantas outras que fazem o espelho de um povo.

Já saídos da ditadura e ainda convivemos com esse fantasma, o que Roberto Carlos fez foi censura de fato. Impediu um livro de circular e ainda ordenou a entrega de todos os exemplares para serem incinerados, tal como já se fez em tempos sombrios por aí afora. Poderia ter sido mais elegante e menos tirano, ficaria mais condizente com o que se espera de um verdadeiro Rei. A Rainha da Inglaterra, só pra citar um exemplo entre seus colegas de sangue azul, aguenta calada por anos a fio uma pressão bem pior e infinitamente maior; sórdida, eu diria. Mas se não fosse pelos livros que levam a sério sua figura pública, não se saberia quem é a Rainha da Inglaterra.

Ser uma pessoa pública, seja de que área for, é estar preparado a passar pelo crivo popular. Nós anônimos guardamos nossas vidas, não somos do domínio público e apenas os que privam de nossa intimidade sabem de manias, virtudes e defeitos. Ao contrário de Roberto Carlos, que com o apoio de um Juiz incompetente e claramente embasbacado com a presença do Rei em sua sala de audiência, bandeou-se para o seu lado, como um autêntico súdito...ou talvez um bobo da corte. Esqueceu-se de conferir na Constituição as garantias que dão respaldo à livre expressão intelectual e artística. O Juiz estava tão encantado que até presenteou Roberto com um cd gravado pelo próprio, quem sabe não é convidado a cantar com ele no especial de final de ano.

A editora covardemente aceitou todos os termos e já entregou uma leva de 10.500 exemplares num depósito que pertence a Roberto Carlos; os artistas se acovardaram em sua maioria e não comentam a censura, pelo menos até agora poucos condenaram a atitude imposta pela justiça (ou pelo Rei) , como Caetano Veloso e Paulo Coelho, este último em carta aberta onde critica duramente inclusive a Editora Planeta, na qual também é publicado.
Fica-se agora uma previsão sombria: essa atitude vergonhosa poderá abrir caminho para outros tipos de cerceamento de nossa liberdade de expressão, e mais ainda, tolher a própria liberdade das editoras em publicar suas obras. Decididamente demos um passo para trás.
E com tudo isso, Roberto Carlos perdeu um pouco da aura de inatingível, desceu do trono e tornou-se um plebeu, cheio de defeitos e idiossincrassias. Mas quem perdeu mesmo não foi ele, e sim nós, seus súditos.

OBS.: mesmo com o livro proibido, pode-se achar tranquilamente na internet cópia do texto integral. E uma vez jogado na rede, não há quem impeça o acesso à obra. Em alguns sites o livro original está sendo leiloado até por 150 reais, e isto é só o começo.

Frase

"O papa ser contra o sexo no matrimônio, eu até concordo, mas fora já é demais!"José Simão, jornalista.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Obituário

Sir George Pinker, ginecologista da rainha Elizabeth II, da Inglaterra, morreu no último domingo, aos 82 anos. A causa da morte não foi divulgada.
Pinker assumiu o posto entre a realeza em 1973.

O Inferno são os Outros


No primeiro carro desta foto ( o conversível), está a cantora Britney Spears, acompanhada de uma mulher. Os outros 08 carros que vão atrás são fotógrafos que fazem plantão em frente à sua casa. Segundo um jornal de Los Angeles, a cantora atualmente é a celebridade mais perseguida do mundo; onde quer que ela vá, há um batalhão de lentes atrás de qualquer deslize. Na tarde em que esta foto foi feita, ela saiu pra comprar sanduíches e fraldas.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Pernambucanidades


Tem coisas que são difíceis de acreditar, como a tal polêmica do parque em Boa Viagem. Existe um terreno imenso, que há anos está abandonado; depois de todo esse tempo em que nada foi feito ali, finalmente tem-se um projeto para seu uso: um parque público, em que, finalmente, a Zona Sul do Recife terá um espaço aberto a todos. Vencida a burocracia para liberação do terreno, nosso prefeito batiza o que virá a ser um futuro parque para a população com o nome da mãe do atual Presidente do Brasil - Parque Dona Lindu.

Não sei quem foi Dona Lindu ou o que ela fez de relevante para o país. Não vale dizer que ela pariu o Presidente; parir alguém, apesar de extraordinário é comum a toda mulher; denominar o parque com este nome demonstra a confusão que se faz neste país do uso dos bens públicos, da politização e do partidarismo.
Ora, por mais que eu simpatize com o prefeito do Recife, não vejo necessidade nenhuma de dar o nome da mãe de Lula para um parque. Este tipo de coisa (o partidarismo, a politização) deveria ser terminantemente proibida, ainda mais com tantos nomes realmente dignos de se homenagear num espaço público. Mesmo que a população inteira do município fosse filiada ao PT, ainda assim, não vejo mérito nenhum em Dona Lindu.

Além da homenagem descabida, a grande questão em torno do parque é o projeto deste em si. Oscar Niemeyer, que dispensa apresentações, projetou o que poderá ser o futuro parque; e tão logo a maquete foi apresentada iniciou-se uma celeuma na cidade.
Editorias em jornais, cartas de leitores publicadas, opiniões de colunistas, matérias na televisão, além de inflamadas discussões em comunidades do Orkut. Até mesmo os vereadores e deputados estaduais, como não poderia deixar de ser politizaram o projeto! Levantando bandeiras pró e contra o tão aguardado parque. No projeto apresentado, o parque constará de um teatro, galeria, além de quadras poliesportivas , jardins, etc. Foi só a maquete aparecer numa coletiva de imprensa que logo instalou-se a polêmica: reclamações e injúrias contra o projeto.
O que poderia ser uma saudável discussão democrática sobre as necessidades da população, em relação a um parque, acabou virando um festival de arrogância, preconceito, e demonstração de total falta de interesse genuinamente público. Aliás, discutir o tal do “interesse público” ainda engatinha no país. No Brasil não temos o hábito de discutirmos nada; propostas e debates em sua grande maioria são feitos por uma minoria realmente interessada nisto, e quando se começa um debate aqui geralmente se desvirtua: temos a Igreja se intrometendo nos indivíduos, temos os evangélicos com sua bancada rica e poderosa, temos os políticos como um todo, que manifestam-se não de acordo com princípios de ética e bom senso, mas apenas com troca de favores e benefícios, só pra citar os mais óbvios.

Uma jornalista escreveu um artigo num jornal daqui (não lembro, mas talvez tenha sido o DP) de que a tal preocupação dos cidadãos que são contra o projeto, na verdade são dos moradores que moram em volta do terreno onda ficará o parque: moradores de prédios de luxo de Boa Viagem que entendem o parque como uma extensão de suas próprias casas. Foram estes cidadãos que organizaram comitês e arrebanharam políticos para protestar com o “excesso de concreto” de Niemeyer.Na opinião dela, e na qual eu inteiramente concordo, estes nobres moradores devem estar achando que o interesse público resume-se ao interesse deles próprios; querem um grande jardim para que possam deixar as babás tomarem conta dos seus filhos e que o povo fique bem longe dali. Teatro ao ar livre? Espaço para eventos públicos? Deve causar arrepios em suas peles bem tratadas imaginar o povo num show ao ar livre, por exemplo. O povo, aquela gente feia e desarrumada que a elite deste país tem horror. Além da profunda ignorância quanto a obra de Oscar Niemeyer, é notório que nossa elite, nossa classe média, entende como “seu” o que é “de todos”, acha que podem fechar ruas, isolar praias e assim por diante.

Não demorou para os políticos de oposição ao Prefeito tomarem suas posições e formarem um movimento de “valorização da arquitetura pernambucana”, ou mesmo de bradarem que “Boa Viagem precisa de verde”, houve até alguns que lembraram do aquecimento global. Mais previsível, impossível
Logo, logo a discussão ganhou espaço e foi parar nos fóruns e comunidades do Orkut. Foi aí que o festival de estupidez tomou mais forma. Primeiro, transformaram um dos maiores e mais importantes arquitetos do mundo num representante da opressão sulista contra o Nordeste. Sim, basta ler nos tópicos iniciados que as pessoas chegaram ao cúmulo (não ao ápice, ainda) de dizer que Pernambuco não deve se curvar contra este arquiteto do Sudeste do Brasil; de que não precisamos de Niemeyer, de que ele só entende de concreto, de que Pernambuco tem orgulho de sua cultura. Dá pra acreditar nisso?
Que me conste a importância de Oscar Niemeyer é nacional, orgulho brasileiro; suas obras são catalogadas, visitadas e viram referência onde quer que estejam; essa tal “opressão” que vem de cima demonstra não apenas um complexo de inferioridade ainda arraigado por aqui, mas como total falta de nexo entre os argumentos e os fatos em si.

Aqui em Recife, capital de Pernambuco, temos um curioso apego à nossa cultura, que, é claro, é riquíssima e motivo de orgulho, mas não vejo como algo maior ou menor do que a cultura de qualquer outra cidade brasileira, não se mede a cultura de um povo. O que acontece aqui é que temos um ranço guardado em algum lugar da alma e qualquer ameaça ante à “superioridade cultural pernambucana”, todos pegam suas armas.
Seria ótimo se usassem este ímpeto em bradar sua identidade para manutenção dos museus, tão abandonados, para projetos de incentivo á cultura nas escolas, até mesmo de promover o frevo nas rádios, por exemplo, entre tantas outras coisas. Mas claro que isso não acontecerá, visitar museus, por exemplo, é coisa de passeio de escola pública ou programa pra gringo ver, a classe A/B não faz esse tipo de programa, não se mistura.
O projeto apresentado, por sinal, contempla de área construída 40%. O restante contempla os jardins e claro, poderia ser ainda mais melhorado, desde que se houvesse uma discussão livre de todos os fatos citados acima, mas isso é muuuito difícil.

Recife ganharia com este parque não apenas uma área de convivência e lazer, mas um monumento público do mais importante arquiteto brasileiro, que daria, sem dúvida, um atrativo bastante significativo à cidade, tão pobre de monumentos públicos. Só me recordo, agora, da obra de Brennand como única referência (que é lembrada como o “pinto do Brennand”), localizada em frente ao Marco Zero da cidade. Ganharíamos mais um teatro e todo este conjunto arquitetônico valoriza a visão do mar, que fica logo em frente ao terreno da futura praça.

Enquanto isso as discussões inflamadas prosseguem. Pobre Niemeyer, talvez nem esteja a par do que vem sendo dito sobre sua obra, e os políticos da oposição querem até organizar um concurso entre os estudantes da UFPE (do curso de arquitetura), para valorizar a “importância do arquiteto pernambucano” e dar uma oportunidade aos estudantes da terra. Seria mais honroso, talvez, se os nobres políticos organizassem um concurso nestes moldes para que se reformassem as 72 escolas públicas que foram fechadas há uma semana, por não terem a mínima condição de funcionar devido aos estragos da estrutura, só pra citar um exemplo, aposto que seria bastante proveitoso. Fico imaginando essa confusão ainda maior se Niemeyer fosse baiano, aí seria guerra civil declarada.