
Fiquei até com vergonha, mas chorei horrores com a saída de Íris do Big Brother Brasil 7. Como é que pode um programa que tem tudo pra ser criticado nos prender tanto na frente da tv? Apesar disso a fórmula cansou. Não me refiro ao programa, pois este ainda vai render muito na televisão, afinal estamos na era da exposição. Todo mundo quer ser visto e ver os outros, câmeras fotográficas por toda parte, qualquer um pode irremediavelmente virar uma celebridade instantânea se tiver um pouco de sorte estando no lugar e na hora certos. Celulares viraram olhos e ouvidos do povo, a qualquer momento uma "celebridade" pode ser clicada num momento ingrato, estrelas do show-business são encurraladas em todo lugar pelos implacáveis celulares.
Orkut escancara a vida das pessoas pra quem qiser ver, estamos todos lá, nos fazendo interessantes e vasculhando perfis alheios; comunidades virtuais que vão de adoradores de montanha-russa até viciados em açaí (sem falar de outras mais...exóticas), vivemos num mundo de voyeurs. Youtube virou (mais um) fenômeno: aquela sua performance solitária dançando pela sala de casa agora é show, para o mundo; Produzem-se filmes aos milhares diariamente, partos, confissões, flagrantes, nonsense, dor, solidão, idéias geniais e bobagens mil. Nunca a expressão "globalização" foi tão apropriada. Os reality-shows são apenas parte dessa engrenagem, parece que além da curiosidade de vermos e, quem sabe, vivermos o outro existe uma irrefreável vontade de sermos vistos. Como que a imagem eternizada na web fosse uma marca de nossa passagem aqui. Numa sociedade de culto ao individualismo, queremos coletivizar nós mesmos, únicos, diferentes, humanos. E a internet é a expressão máxima disso, essa vitrine moderna.
Por isso que acho uma contradição quem tanto critica reality shows, pois estes que criticam têm orkut, não resistem a dar uma olhadinha naquele vídeo bizarro do Youtube e por aí vai.
Mas voltando à questão do formato do programa, como disse lá em cima a fórmula vai muito mais adiante, o que cansa é o padrão que a Globo impõe. Já são 07 edições onde (com pouquíssimas exceções) os personagens são os mesmos: gente sarada e jovem, esportistas, um negro ou negra pra dar o toque politicamente correto e só. Claro que televisão é comércio, entretenimento, mas com tanta gente interessante Brasil afora fica sempre com aquela cara de plástico. Tomara que na próxima edição eles sejam mais ousados na variação de tipos. Adoraria ver gente gorda, feia, esnobe, preconceituosa, sadomasoquista, perturbados, sonhadores, poetas, loucos, etc...o mundo é mesmo uma vitrine de tipos, estamos todos agora devidamente "catalogados" , seja na tv ou mesmo nos Orkuts da vida.

Um comentário:
Acho deplorável, vergonhoso, a beirar o ridículo sentar-me diante de uma televisão para ver garotos e garotas confinados numa casa, num jogo de exposição pública onde a verdade passa longe, a começar pela organização do programa e seleção de candidatos (Essa é a minha visão e nada tenho contra os que adoram, acreditem). Reflexo da sociedade, espelhamento ridículo das mazelas íntimas. Qualquer pesicólogo de esquina vê nisso uma movimentação social que beira a patologia pasteurizada de um povo carente de tudo, até de si mesmos. Seios, peitos, bundas, flagras, brigas, intrigas são o tempero perfeito para um fim de noite repousante, onde deitamos nossas cabeças, tendo expurgando via outros nossas sombras, fazendo delas não nossas, mas deles. É tão fácil, tão simples, tão cômodo e, principalmente, tão rentável! Uma fórmula redondinha, bem ao estilo da globo.. Tsctsctsc... Tenho mais livros a ler do que imagens inúteis e tentar me roubar o bom-senso e razão que me restam...
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