
Carnaval acabou. Pela primeira vez eu sinto que curti de verdade, ainda que não seja folião estreante. Digo isso porque apesar de não ter ido a Olinda, nem ao Galo da Madrugada ou mesmo aos bailes oficiais (só fui no Baile dos Artistas), este ano eu realmente me diverti como manda a cartilha: andei bastante pelas ruas do Recife Antigo vendo a folia, vi os blocos , mergulhei no frevo e assisti aos shows. Deixei de lado a necessidade (?) de ter que ir pra Olinda com o único intuito de cair na putaria e vi a festa com outros olhos.
Aliás, já não vou a Olinda há uns 04 anos. Sinceramente, ter que subir e descer ladeira debaixo do sol não dá mais pra mim. Nem acredito muito nessa "magia" que colam na Cidade Alta, claro que há sim o tal carnaval, mas acho que Olinda se parece cada vez mais com Ouro Preto, se é que dá pra comparar. E velho que estou ficando, não consigo interpretar a festa da Marim dos Caetés (gosto desse nome) como nada mais que um monte de jovens na faixa dos 17 aos 27 anos que querem o maior número de orgasmos possíveis, o frevo seria apenas um detalhe. Ok, talvez eu esteja sendo cruel mas se pararmos pra pensar no sentido do carnaval não estou sendo tão ruim assim, e olha que nem entrei na questão da violência.
O Galo da Madrugada me parece ser umas das mais temerárias situações que alguém, por livre e espontânea vontade, se submete passar. Claro que se você estiver dentro de um camarote a alguns metros do chão a coisa muda, embora no trajeto de ida e volta não há camarote certo. Recife tem um dos piores índices sociais do país, somos o estado campeão em crimes sexuais de todos os tipos, além de sermos ums dos primeiros em homicídios; com essas informações na mão e mais de um milhão de pessoas na rua é de se imaginar o potencial dessa mistura.
Fui ao Galo 03 vezes. Na última delas me vi imprensado no meio da multidão sem conseguir dar um passo sequer. Havia gente desesperada querendo se livrar da massa humana e um cidadão, bem na minha frente, puxa um revólver e dá um tiro pra cima, fazendo com que em menos de 02 segundos todo mundo saísse em pânico correndo por cima de todos. Fui jogado no chão com o tumulto da correria ainda sentindo o cheiro da pólvora queimada; levantei-me e fui atrás do primeiro táxi que encontrei.
O Baile dos Artistas é divertido. Uma verdadeira experiência dos sentidos: tato, visão, paladar,olfato e audição, se é que vocês me entendem. O baile gay "oficial" da cidade é garantia de diversão e uma aula de antropologia brasileira. Travestis, transformistas, enrustidos, assumidos, bichas de todos os tipos, cafuçús, héteros curiosos e falsos moralistas. Estão todos lá, celebrando a obsessão que o brasileiro tem pelo ânus (leia João Silvério Trevisan), o fascínio que os travestis exercem nos homens e a celebração dessa tão famosa liberdade e libertinagem que o carnaval brasileiro oferece.
O Enquanto Isso Na Sala de Justiça tornou-se um grande negócio. O que não tira o mérito da festa pra quem quer se fantasiar e cair na farra. Mas a impressão que tenho é que estou no Chevrolet Hall em pleno show do Chiclete com Banana seguido do Aviões do Forró.
Por isso optei pelo Recife Antigo. Aliás a prefeitura caprichou na programação desse ano, comemorando os 100 anos do Frevo a programação foi irrepreensível. Sem esquecer que depois da batalha campal que foi o BALANÇA ROLHA a segurança foi reforçada. Penso que é lá no Marco Zero e adjacências que está o carnaval símbolo do Recife em todos os sentidos e do carnaval brasileiro como um todo, pela mistura que se faz.

2 comentários:
Maurício,
Gostei dos comentários sobre o carnaval.Achei bem pertinente.
Acho que devido à multidão é, realmente, meio difícil encontrar a poesia de Olinda e do Galo, mas ela existe.
Sempre fico impressionada com a quantidade de pessoas na rua e acho interessantíssimo a brincadeira de se fantasiar.
Não saí mto, mas gostei deveras do Recife Antigo no final da tarde de sexta e do Quanta Ladeira...
Beijos
O carnaval de Olinda é lindo maurício!
É maravilhoso acordar e ir para Olinda já abrindo uma lata de cerveja às 9h da manhã, olhar e ver aquele mar de gente fantasiado, subir e descer ladeira atrás do bloco preferido (PANELA)... Sim, há uma magia! E não foi criada pelos marqueteiros, foi construída e é a cada ano renovada pelas milhares de pessoas que brincam o carvanal por lá.
Ano que vem, vamos à Olinda pela manhã e à noite ao Recife Antigo! E viva o Carnaval de Pernambuco!!!
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