Os Estados Unidos lançam-se agora numa obsessão em tentar desvendar o que se passou na Virgínia Tech e também entender o que havia dentro da cabeça de Cho Seung-hui, o estudante que matou 32 pessoas dentro de uma universidade nos EUA.Momentaneamente os americanos esqueceram dos dois temas mais abordados pela mídia americana: Oriente médio - em especial o Iraque, e a ex-coelhinha e celebridade trash que morreu de overdose deixando um bebê e milhões de dólares em jogo.
Mas qual a novidade no que aconteceu no campus da Universidade da Virgínia? Por que os americanos estão tão assombrados com mais essa tragédia tão típica deles?
Os Estados Unidos são, sem sombra alguma de dúvida, a nação que comporta o maior números de loucos de todo gênero deste planeta. Não, de nada adianta dizer que o estudante era sul-coreano; na Coréia do Sul, não é tão comum pessoas saírem às ruas atirando a esmo em quem passar pela frente. Cho Seung-hui era um estrangeiro absolutamente incorporado ao status quo da América, tão aculturado (chegou lá aos 08 anos) que transformou-se em mais um louco típico deste país. Essa matança que ocorreu lá no campus, e que deixou os americanos tão perplexos, levando o presidente a dizer que isto foi algo "inexplicável".
Não foi, caro presidente. O que ocorreu aí em seu país diz muito sobre a América. Esta fixação que vocês tem por armas, por resolver tudo na base do conflito.
Conflito. Americanos adoram um. Desde uma simples dicussão entre vizinhos, uma briga no trânsito, uma frase "mal-colocada" na tv, uma atitude "ousada" de alguém, uma resposta "atravessada" de outro, até a questão de ser o país com o maior número de advogados do mundo. O conflito aí, sai da esfera pessoal mais ínfima, passa na esfera jurídica e descamba pelas ruas, onde a tensão entre raças está impregnada nas esquinas. Americanos adoram odiar americanos, faz parte da cultura: ou você está comigo, ou você está contra mim.
Um país que divide seus cidadãos em vencedores e perdedores, não há meio termo. Ganhar na América significa personificar todos os valores que este país impõe em cada um dos seus, desde a mais tenra idade. Americanos querem ser populares, imaginam-se diferentes do mundo pelo simples fato de serem...americanos. São especiais, e acham que por isso são invejados; algo patológico. Neste país é oito ou oitenta e quando chega-se ao limite máximo, mostram o que podem ter de piores.
Num país onde a pornografia e os desvios sexuais e de conduta são parte do folclore; jovens espancam colegas de escola com bastões de beisebol; encurralam homossexuais dentro do colégio em surras coletivas; sequestram crianças e as trancam dentro de porões durante anos; batem, batem muito uns contra os outros, criam grupos de toda forma de comportamento e se levam às últimas consequências; a televisão mostra aos jovens programas onde esmurrar os testículos do amigo é coisa divertida, e por aí vai.
Produzem bens culturais onde a violência é o carro-chefe e que permite a qualquer maior de 18 anos sem antecedentes criminais comprar quantas armas quiser e puder.
Isso talvez seja parte da explicação que temos para assassinos em série, assassinatos em massa, loucos, pervertidos, e o que há de pior no ser humano. Cho Seung-hui não era tão diferente de milhões de cidadãos americanos que a qualquer momento podem "explodir". O que deixa todos perplexos é que não há como deter algo que é inerente ao modo de viver e se relacionar que eles têm. Diferentemente de Bins-Laden e outros de fora, como deter seus próprios cidadãos? Ainda que sejam presos depois de uma carnificina, o rastro de sangue já terá escorrido pelo chão. Não há como detê-los; isto, sem dúvida, é muito mais assustador do que o estudante ter conseguido matar 32 pessoas. Quantos iguais a ele estão neste momento maturando idéias como as dele?
Claro que em qualquer lugar do mundo existem loucos. Mas da forma e intensidade como ocorre na América, isto sim, é algo que o país deveria pensar. Agora que o estudante matou 32 e a si próprio, a televisão deles põe-se a dissecar tudo que conseguir deste episódio. Virão programas , simulações, investigarão sua vida pregressa, falarão com seus ex-colegas de quarto, seus pais, parentes, sua roupas, suas frases, seus óculos, tudo, absolutamente tudo.
Virão documentários, haverá um filme no próximo verão e os americanos consomem, consomem e consomem. Cho Seung-hui era tão americano, que sabia da necessidade mórbida em consumir seu derradeiro feito, enviando seu legado póstumo para uma emissora de televisão, sua imagem já percorre toda a mídia, sua voz, sua loucura: gravou vídeos, escreveu textos, gritou palavras de ordem e mostrou suas armas. Tudo, absolutamente tudo, que um típico cidadão americano louco faria e que atrai toda uma nação em torno deste jovem; não se fala em outra coisa na América. A questão agora é esperar pelo próximo; pois ele, com certeza, virá.

3 comentários:
Grato pela opinião.
Também gostei muito do seu blog, tem um forte conteúdo em um mundo de layout vazios. =)
Adicionei ao meu RSS aqui de casa.
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Sobre o post:
É meio estranho julgar a cultura americana, pois bem ou mal estamos passando por algo parecido aqui, com alguns diferencias (não vou me estender)...
Se reparar, em pelo menos um aspecto, a meu ver, se difere de nossa realidade. Lá existe uma certa certeza que será punido. tanto é que a maioria faz o que faz e se mata a seguir (no geral morreriam mesmo pelas mãos da lei).
Aqui no Brasil se um mesmo estudante fizer o mesmo, basta fazer reféns, esperar a imprensa chegar pra depois se render e dentro de seis anos estar solto.
Lembra dos assassinos do índio em Brasília? Daquele garoto que atirou num cinema? Do Guilherme de Pádua?
Ao menos lá, com todos os seus defeitos, não existe uma cultura da impunidade. Eles ao menos têm uma imagem por zelar (e esse orgulho nocivo se torna positivo). Que imagem nós temos além de peito e bunda?
Muito bom o blog.
voltarei sempre
abs :Luke
parabens pelo texto disse tudo e mais um pouco sobre esses loucos...
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