quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Showtime



18:00

FaFá de Belém está no palco fazendo a passagem de som. Daniela Mercury aguarda a vez de fazer a dela. É início de noite e chega ao backstage uma equipe do NE TV querendo gravar uma chamada ao vivo para a edição que entraria no ar em instantes. A equipe prepara o equipamento para entrevistar Fafá, que está no palco naquele momento. Chega então o aviso da produção de Danilea de que ela é quem daria a entrevista para o telejornal e não abriria mão disso. Produtores de um lado e de outro, conversas,impasse, vaidades. Fafá de Belém então vem e entrega o microfone: "ela quer fazer a chamada? pois que faça, aqui está." E dirige-se ao camarim.

21:30

o backstage não é dos piores, pelo contrário, é tranquilo. A área que fica atrás do palco tem mesas, cadeiras, sofás, além de um buffet de salgadinhos e bebida à vontade. O evento é um show em homenagem ao compositor J. Michiles, autor de grandes sucessos do frevo, entre eles Queimando a massa, Diabo Louro e Me segura Senão Eu Caio, entre outros. No espaço circulam músicos, produtores, convidados, garçons e até algumas crianças. Os camarins ficam no mesmo lugar, sem nada que os separe da cirulação de todos ali. Noto que os artistas daqui tem um único camarim à disposição, com um papel colado na porta onde se lê "camarim coletivo". Os outros são reservados individualmente a Daniela Mercury, Alceu Valença, Fafá de Belém, Chico César e mais um para os músicos da orquestra do Maestro Spok. Claudionor Germano, André Rio, Rosana Simpson e mais alguns que não recorod os nomes agora ficam com o coletivo.

Chega um carro e dele desce Alceu Valença. De cueca samba-canção (sim, era uma mesmo, de algodão), chinelos e camiseta. Apressado e sério, adentra o lugar direto sem dar boa noite e segue para o camarim, atrás dele sua esposa e mais uma pessoa.
As pessoas conversam e eu já estou na segunda cerveja. O show começa com a orquestra tocando e ouve-se o barulho do público do outro lado.
Chega André Rio. Sorridente, cumprimenta os conhecidos distribuindo abraços e saudações. Não entra no camarim coletivo, circula pela área comum onde estão os outros e fica por ali aguardando a hora de subir pra cantar. Já está com a roupa do show, aliás.
Uma pessoa vai até a porta do camarim de Fafá de Belém e pede para uma mulher que está postada á frente pra tirar uma foto com ela. "-agora não dá - responde polidamente, ela está se concentrando, só depois do show".
Chega Chico César. Vestido de branco e com um turbante da mesma cor, circula um pouco, tira fotos, conversa, sorri. Depois entra no camarim e sai algumas vezes, logo depois chega sua vez de subir ao palco, ele faz sua parte e quando termina volta para o camarim, conversando e tirando fotos. Logo depois vai embora, se despedindo e trocando mais algumas palavras.
Há uma espectativa com a chegada de Daniela Mercury. As pessoas perguntam, produtores com telefones ao ouvido andam de um lado para o outro. Algumas pessoas estão com máquinas fotográficas a postos.
Fafá de Belém sai do camarim, mas não pra ir ao palco, e sim ao banheiro. As pessoas observam ela dirigir-se pra uma cabine que fica exatamente do lado da escada de acesso ao palco. A cantora parece constrangida ao sair e sorri pra pessoas. De sandálias, calça e camisa largas volta novamente ao camarim.
Uma produtora bate na porta de Alceu Valença e ele sai, vestido com uma fantasia de holandês (ou português) do Brasil colonial. Vai direto pra escada de acesso ao palco, sério e a passos rápidos. Anunciam seu nome e ouço o público gritar aos primeiros acordes e de sua entrada no palco, saudando a todos. Termina e ele desce as escadas direto para o camarim. Minutos depois ele sai, ainda fantasiado e algumas pessoas querem tirar fotos com ele. Impaciente, pára para uma , depois outra e mais outra. Sempre apressado e já dirigindo-se para a saída uma mulher acena com o celular em mãos e pede uma foto; ele segue impávido e ela chama novamente; Alceu acena breve e vai embora para o carro. "Pôxa" - diz a mulher.

Chega Daniela Mercury. Flashes, olhares, acenos. Ela atravessa a área comum até o camarim, que é o primeiro do palco à saída. As pessoas começam a chegar mais perto com máquinas na mão esperando sua saída para o show.
Nessa hora eu saio e dou a volta, indo pra frente do palco. Daniela entra e há uma ovação da platéia. Ela é quem mais canta nesta noite: 04 músicas. O tempo inteiro ela exorta a platéia e dança no palco, fala do frevo, de J. Michiles e diz que "um dia ainda virá pular carnaval aqui, na rua". A platéia delira.
Já ao final eu volto ao backstage, subo a escada de acesso ao palco e fico vendo o final de sua apresentação dali. Na saída dele até a escada, ela leva uns 10 minutos. Conversa com pessoas, tira muitas fotos, sorri e mostra-se paciente. Já perto da escada está Fafá de Belém, devidamente paramentada de caboclo de lança! Animadíssima e sorrindo pra todos. No caminho Daniela avista Fafá e diz pra produtora que a seguia "Olha lá, eu queria uma cabeça dessa..."mostrando Fafá com a indumentária tradicional do maracatu. As duas se encontram e o sorriso some. Daniela vai até ela que parece não querer muita aproximação, "Isso é entre eu e você" - diz Daniela e ambas trocam algumas paalvras. Ao redor, pessoas pedem fotos com as duas, que não conseguem disfarçar uma má vontade de saírem juntas.
Fafá entra no palco e Daniela continua atendendo os pedidos de autógrafos, fotos e atenção na porta de seu camarim. Um homem se aproxima e pede "uma chance". Diz ser bailarino e ela ouve atentamente o que ele diz. Pede o contato dele que lhe entrega um papel, ela chama uma acessora, que o guarda. Minutos depois, vai embora para o carro.
Fafá termina e novamente no caminho até o camarim mais pedidos. Desta vez ela está apressada. Diz que vai trocar de roupa para voltar ao palco, num encerramento coletivo. Pede desculpas mas avisa: "já, já eu volto".
E o encerramento se dá so som de Vassourinhas. Os artistas regionais todos no palco. Dos que vieram de fora apenas Fafá de Belém, que dessa vez volta apenas com a manta da fantasia e...descalça. Ela pula, dança e se solta no palco ao som do frevo. De um lado para o outro animada e rindo bastante. Ao final, ela calça as sandálias e desce as escadas, caminhando em direção á porta. No caminho vai cumprimentando a todos e tirando mais algumas fotos. Minutos depois eu saio também e ela ainda está lá fora atendendo alguns fâs que a aguardavam no estacionamento, se despede e entra num carro de vidros escuros. Um rapaz vem correndo e se aproxima pedindo foto, mas o carro, que já manobrava no estacionamento segue em frente e se afasta. "Que mulher nojenta, metida" - diz o fâ. São 01:40, começa a chover forte.

4 comentários:

homero disse...

Deve ter sido divertidíssimo assistir ao confronto da Bahia com o Pará. Ao menos no quesito simpatia, acho que a baiana saiu por cima. Adoro

DJAMAN BARBOSA disse...

Acho que não custa nada aos artistas atenderem aos fãs, dentro do possível. Mas entendo que às vezes não dá. O que não admito é o artista ficar irritado com o assédio, afinal ele que quis ser famoso, nem o fã ficar irrtado quado não consegue, afinal a pessoa está ali pra fazer um show.

Acho natural a produção de Daniela puxar a brasa pra sardinha dela, o que não é natural é uma equipe de telejornal se submeter a isso. A produção da cantora pode até pressionar a produção do evento para que dê destaque a ela, mas e a pauta do jornal é definida por quem? Se eles querem falar com Fafá e a produção do evento não deixa, pior pro evento.

gugaqueiroz disse...

Grande MAurício,

Estou realmente impressionado com a qualidade de seus escritos, suas pelavras são divertidas, provocantes, intelientes e altamete sarcásticas.

Cara, tenho acessado seu blog com uma certa periodicidade e a cada vez que entro eu me surpreendo com um novo texto, e o que é melhor, um texto de qualidade igual ou superior ao anteriormente escrito.

Maurício, vc tem um talento a ser revelado para o mundo, sinto-me perplexo em saber que dentro de tamanho cabeção ( com todo respeito )existem tantas ótimas idéias a serem expostas.

Parabéns.

Anônimo disse...

lindo texto, mau.